Anatomia ultrassonográfica da mama

Mar de 2016.

Autor: Prof. Dr. Rodrigo Menezes Jales

 

                                                                                                                                                                                 


Unidade funcional da mama

 

Durante a vida reprodutiva da mulher, o parênquima glandular mamário é constituído  por entre 15 e 20 lobos. Cada lobo é formado por vários lóbulos e ductos, que se unem para constituir os ductos principais. A maior parte das patologias malignas da mama se originam nas unidades ducto-lobulares terminais.

 

Unidade funcional da mama


 

O tecido estromal / fibroso intelobar apresenta ecotextura hiperecóica. Por outro lado, o tecido glandular (lóbulos) e os elementos ductais  apresentam ecotextura hipo ou isoecóica.

 

A imagem do estudo anátomopatológico que ilustra essa figura  foi obtida no site: anatpat.unicamp.

 


Sonoanatomia mamária

 

Na maioria dos exames ultrassonográficos das mamas podem ser identificados 6 planos estruturais: pele, subcutâneo, zona glandular, tecido adiposo retroglandular, músculo peitoral e parede torácica.

 

Planos estruturais da mama à ultrassonografia

 


A maior parte das lesões restritas à gordura pré-glandular são patologias da pele e/ou do subcutâneo como lipomas e cistos sebáceos. A ecotextura dos achados da ultrassonografia mamária deve ser comparada à ecotextura da gordura pré-glandular, que deve ser ajustada no equipamento de ultrassonografia como um cinza médio. Lesões mais claras do que a gordura pré-glandular devem der descritas como hiperecóicas; lesões mais escuras, como hipoecóicas. Lesões com a mesmo ecotextura da gordura pré-glandular são isoecóicas.

A gordura retroglandular é comprimida entre a zona mamária e o músculo peitoral. Dessa forma a gordura retroglandular costuma aparentar uma espessura bem inferior à gordura pré-glandular. Em alguns casos a gordura retroglandular chega a ser completamente obliterada à ultrassonografia, o que torna difícil determinar pela ultrassonografia se nódulos profundos acometem o músculo peitoral maior. Nesses casos, essa avaliação é mais precisa pela mamografia.

 


 

 

 

Durante o posicionamento mamográfico a mama é tracionada no sentido oposto à parede torácica, favorecendo a exposição da gordura retroglandular

 


 

Zona glandular

 

A maior parte dos ductos e das unidades funcionais da mama, incluindo as unidades ducto-lobulares terminais, encontram-se na zona glandular (também chamada de zona mamária), que é envelopada pelas fáscias pré e pós glandulares.

 

Representação da topografia das fáscias pré e pós-glandulares


 

A maior parte dos nódulos mamários são identificados na zona glandular.

 

Nódulo oval, hipoecóico, paralelo e circunscrito - achado provavelmente benigno - BI-RADS US 3


 

A fáscia pré-mamária representa uma barreira relativa para a progreção de patologias originárias da zona glandular até o subcutâneo e a pele.


Essa figura ilustra um nódulo com diagnóstico de carcinoma ductal invasivo da mama que não progrediu além da fáscia pré-glandular (linha pontilhada)


 

Ligamentos de Cooper

 

Os ligamentos de Cooper fazem parte do tecido fibroso de sustentação do parênquima mamário. Tratam-se de pregas da fáscia mamária pré-glandular que se estendem da zona mamária até a pele. A espessura da zona mamária é máxima sob os ligamentos de Cooper e entre os seus folhetos o parênquima fibroglandular se projeta em direção à pele, tornando esses os pontos mais propensos à progressão do câncer de mama em direção à pele.

 

As setas indicam um ligamento de Cooper, interpretado à ultrassonografia como uma linha ecogênica estendendo-se da zona mamária à pele

 


 

Involução do parênquima fibroglandular

 

No processo de involução do parênquima fibroglandular, a zona mamária  é entremeada por ilhotas de gordura e progressivamente diminui de espessura, persistindo nos pontos do pregreamento da fáscia pré-glandular (ligamento de Cooper).


As marcas em amarelo representam áreas em que o parênquima fibroglandular fou substituido por gordura isoecoica à gorda pré-glandular.

 


 

Persistência do estroma / fibrose / interlobar sob o ligamento de Cooper.


 

Referência

Stavros, A. Thomas., Cynthia L. Rapp, and Steve H. Parker. Breast Ultrasound. Philadelphia, Pennsylvania: Lippincott Williams & Wilkins, 2004

. Anatomia ultrassonográfica da mama. Dr.Pixel. Campinas: Dr Pixel, 2016. Disponível em: https://drpixel.fcm.unicamp.br/pt-br/metodos-de-imagem/anatomia-ultrassonogr%C3%A1fica-da-mama. Acesso em: 28 Mar. 2024