Envelhecimento e fragilidade
são discutidos em seminário

16/10/2014 - 12:16

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A reumatologista Arlete Coimbra

A reumatologista Arlete Coimbra

A professora Anita Liberalesso

A professora Anita Liberalesso

Público no Centro de Convenções

Público no Centro de Convenções

Roberto Teixeira, diretor-associado da FCM

Roberto Teixeira, diretor-associado da FCM

O diretor da FEF

O diretor da FEF

Paulo César Montagner, chefe de Gabinete

Paulo César Montagner, chefe de Gabinete

Abertura de evento

Abertura de evento

Teresa Dib Zambon, titular da PRDU

Teresa Dib Zambon, titular da PRDU

A queda é o maior problema de saúde que atinge os idosos. Anualmente um em cada três idosos cai. Destes, cerca de 20% a 30% permanecem com lesões que resultam na diminuição da sua mobilidade e autonomia, e no aumento do risco de hospitalização e risco de morte. “Com o avançar da idade, existe uma diminuição na potência aeróbica de 1% ao ano, mesmo em indivíduos ativos”, comentou a reumatologista da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp Arlete Coimbra durante o seminário Envelhecimento III - Dia da Pessoa Idosa, realizado no Centro de Convenções da Unicamp esta quinta-feira (16).  O seminário, que comemora o mês da pessoa idosa, é gratuito e vai até sexta-feira (17). Acompanhe a programação.

A reumatologista, que tem ampla experiência em seu dia a dia com os idosos e que tem participação no Programa de Saúde da Família e Comunidade, falou sobre Fragilidade e Envelhecimento. Segundo ela, a queda, a hospitalização, a perda da funcionalidade e a morte são os quatro elementos que representam a fragilidade. “Nos últimos 15 anos, tem se falado muito no Brasil sobre o seu desfecho, que é a morte. Contudo, esses quatro elementos trazem grande custo social e perdas para o indivíduo”, salientou.

Até pouco tempo, era muito difícil caracterizar o envelhecimento. O grande marco nesse sentido foi o "fenótipo da fragilidade", definiu a médica, o qual inclui fatores como baixa atividade física, fadiga, redução da força muscular (sarcopenia), perda de peso não intencional e lentidão da marcha. “Infelizmente esses indivíduos vão perdendo a sua autonomia e vão se tornando mais dependentes”, constatou.

Mas a especialista recorda que nessa problemática também existe uma história de vida e um percurso que devem ser questionados principalmente após os 60 anos de idade, para um idoso frágil. “Não temos como trabalhar equilíbrio deixando tudo para trás”, advertiu. “A manutenção do equilíbrio, que se reflete na marcha, é essencial para que o idoso realize suas tarefas cotidianas. Para a maioria dos jovens, isso é fator secundário. Ocorre que é a principal estrutura para manter a qualidade de vida ao longo dos anos”, disse.

Alguns estudos recentes igualmente apontam para marcadores laboratoriais, que permitem uma compreensão da síndrome que contém em sua patogênese processos hormonais, imunológicos, pró-coagulantes e inflamatórios. Esses estudos envolvem ainda comorbidades associadas e o equilíbrio, obviamente, que dependem de fatores intrínsecos e extrínsecos. “Isso sempre me chamou a atenção. A minha tese de doutorado foi sobre osteoporose. Naquele tempo não se falava em queda e sim em tombo. De lá para cá, os fatores intrínsecos ganharam força”, contou.

De acordo com Arlete Coimbra, as pessoas que já tinham problemas nos pés certamente serão as que mais tenderão a quedas no futuro e, apesar do conceito de fragilidade e de comorbidade serem duas situações diferentes, elas possuem um ponto em comum, que é o comprometimento funcional. Por outro lado, as alterações sensoriais, que envolvem a regulação do controle postural, dependem da relação das estruturas corporais com o ambiente.

Do ponto de vista das variáveis metabólicas, os principais efeitos que acontecem é na diminuição da potência da marcha. “Ainda acho que a fragilidade e o comportamento do indivíduo estão se autoescrevendo pelo próprio conceito de envelhecimento. E a cognição permeia todo o processo. Daqui a dez anos, estaremos ainda estudando esses aspectos”, reforçou a palestrante.

O seminário Envelhecimento III - Dia da Pessoa Idosa está sendo promovido pelo Grupo de Pesquisa do Laboratório de Fisiologia do Exercício (Fisex) da Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp, na pessoa da professora Mara Patrícia Mikhail, e pelo Programa de Pós-Graduação em Gerontologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), coordenado pela professora Anita Liberalesso. O evento teve o apoio do Faepex e do Grupo Gestor de Benefícios Sociais (GGBS), entre outros órgãos. Na abertura, a mesa diretiva foi composta pela pró-reitora de Desenvolvimento Universitário, Teresa Dib Zambon Atvars, representando o reitor da Unicamp; Paulo Cesar Montagner, chefe de Gabinete; pelo diretor da FEF, Miguel de Arruda; pelo diretor-associado da FCM, Roberto Teixeira Mendes; e pelas organizadoras do Seminário Mara Patrícia e Anita Liberalesso.