Vida de médica que já deu
um livro agora vai virar filme

31/03/2015 - 08:00

Elaine Pereira da Silva, autora de

A vida da médica Elaine Pereira da Silva já deu um livro e agora vai virar filme. Negra, filha de pai pedreiro e mãe empregada doméstica, ela teve a sua trajetória marcada pela pobreza, humilhação e preconceito – e por uma lesão neurológica grave que, no 5º ano de medicina na Unicamp, quase apagou da memória o sonho que perseguiu desde a infância. Pois o livro autobiográfico Pérola Negra – História de um Caminho (Editora Komedi), que mereceu destaque do Jornal da Unicamp em abril de 2006, será transformado em documentário dirigido pelo cineasta Balufu Bakupa-Kanyinda, que pretende levar essa história para as Américas, Europa e África, seus espaços de atuação. 

O projeto de audiovisual proposto pelo Instituto Maracatu Bizoro Avoador (sociedade civil sem fins lucrativos de Salvador, BA) acaba de ser aprovado pelo Ministério da Cultura, no âmbito da Lei Rouanet, e encontra-se em fase de captação de recursos. “Nosso orçamento original é de 824 mil reais, mas nos deram 569 mil para produzir um documentário a respeito deste sonho de fazer uma medicina de qualidade para a população brasileira. Estamos buscando a colaboração de empresas e instituições privadas ou públicas, até porque a lei garante o repasse total do patrocínio para desconto nos impostos”, afirma Elaine Pereira da Silva. 

A jornalista e roteirista Carla Lopes informa que o filme será produzido pelo cineasta brasileiro Joel Zito Araújo, que definirá o restante da equipe quando os recursos forem obtidos, com a filmagem ocorrendo no prazo máximo de 12 meses. “O roteiro apresenta a trajetória de vida da doutora Elaine desde a infância, quanto tudo e todos, exceto sua mãe, iam contra seu desejo de tornar-se médica”, adianta a roteirista. “Haverá um narrador geral, trechos narrados pela própria Eliane e depoimentos de amigos, familiares e colegas de profissão, inclusive de alguns colegas de classe na Faculdade de Ciências Médicas. As imagens serão feitas em São Paulo, Campinas e Paulínia, e gostaríamos de cenas gravadas dentro da própria Unicamp. Pretendemos mostra ao espectador que inúmeros desafios de ordem econômica e social, preconceito e graves problemas de saúde não a impediram de conquistar um sonho.” 

Segundo Carla Lopes, o diretor Balufu Bakupa-Kanyinda é um cineasta nascido no Congo e radicado em Paris, que se formou em sociologia, história e filosofia em Bruxelas (Bélgica) e estudou cinema na França, Reino Unido e Estados Unidos. “Ele fez o seu primeiro documentário em 1991, ‘Dix mille ans de cinéma’, e o segundo em 1993, sobre Thomas Sankara. Seu primeiro filme de ficcão, ‘Le Damier – Oyé nacional Papa!, realizado em 1996, recebeu diversos prêmios, como da ACCT (Agence de la Francophonie), Fespaco (1997) e Grande Prêmio do Festival de Villeurbanne na França (1997).” 

A médica Elaine Pereira da Silva conta que, nesta etapa de sua vida, o sonho é transformar “Pérola Negra” em documentário e depois em longa-metragem, além de publicar uma nova edição do livro. “Penso que eu conseguiria levar bem mais longe minha mensagem de ‘lutar sempre, apesar e a despeito das dificuldades da vida, sempre honestamente’. Os filmes seriam formas de fazer, à distância, a ‘medicina das almas’, como acredito que faço um pouquinho com meu livro e minhas palestras. A ideia é levar o livro e os filmes para o resto do Brasil e para o exterior. Estamos buscando patrocínio institucional para este projeto, com a intenção é animar pessoas de quaisquer segmentos sociais a lutarem por seus sonhos – por que os sonhos não envelhecem.”

Doutora Elaine mantém um site para contatos e mais informações, que também traz uma entrevista ao “Programa do Jô [Soares]” .