Assim que os primeiros casos de covid-19 surgiram no Brasil, a infectologista Carolina Damasio percebeu que era preciso acompanhar de perto os efeitos da doença em gestantes. Na época, não se sabia que grávidas compunham um grupo de risco para a infecção, mas a experiência anterior com o vírus da zika e trabalhos mostrando que outros coronavírus poderiam ter impacto na gravidez colocaram a especialista em alerta. Coordenadora de um ambulatório de doenças infecciosas na gestação, Damasio sabia ser uma questão de tempo até as primeiras pacientes infectadas aparecerem e, prudentemente, decidiu coletar os dados dessas mulheres para investigar possíveis desfechos desfavoráveis.

Três anos e uma tese de doutorado depois, a conclusão é clara: mesmo nos casos leves em pacientes não vacinadas, a infecção por covid-19 pode trazer consequências negativas tanto para a mãe como para o bebê. Alterações registradas em exames de imagem, covid longaparto prematuro, depressão pós-parto e atraso no desenvolvimento da criança foram alguns dos efeitos apontados na tese, defendida na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. O resultado serve como um lembrete sobre o fato de que a gravidez é uma condição de alto risco no caso de infecções e visa conscientizar a sociedade sobre a importância de desenvolver políticas com o objetivo de contribuir para superar os efeitos negativos da pandemia.

Conteúdo originalmente publicado pelo Jornal da Unicamp. Continue lendo.