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arrow_back 12.ª Semana de Pesquisa - Trabalhos de Pesquisa

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Análise da Cobertura Vacinal da Poliomielite no Brasil

Saúde Coletiva

Resumo: A Poliomielite é uma doença causada pelo vírus Poliovírus Selvagem que é considerado erradicado no Brasil desde o século XX. Desde então, o país responsabilizou-se por atingir Coberturas Vacinais (CV) acima ou iguais a 95%. Entretanto, atualmente, a situação é contrastante a essa meta, pois as CV da Poliomielite estão decaindo e várias hipóteses são levantadas para essa causa. Assim, o presente estudo tem como objetivo apresentar uma análise descritiva da CV da Poliomielite no Brasil desde 2011 até a Campanha Nacional de Imunização do 2º semestre de 2018.

Introdução: Desde o início do século XX, o Brasil ficou isento da circulação do Poliovírus Selvagem1. Por esse motivo, o país ganhou o Certificado Internacional de Erradicação da Transmissão Autóctone. Por conseguinte, o Brasil comprometeu-se a manter Coberturas Vacinais, maiores ou iguais a 95,0%1. A CV é um importante instrumento para a tomada de estratégias, visto que, somente com CV adequadas é possível controlar e/ou manter a eliminação e a erradicação das doenças imunopreviníveis1. Ademais, as vacinas precisam ser homogêneas, uma vez que vacinas heterogêneas, possibilitam a formação de regiões suscetíveis, aumentando a possível reintrodução do Poliovírus no território brasileiro1. Em 2017, 23,0% das três milhões de crianças com um ano, não haviam sido imunizadas com todas as doses da vacina contra a Poliomielite no Brasil2. Isto se deve provavelmente a percepção errônea da população que não é preciso vacinar as crianças, falta de tempo para ir aos centros de saúde, medo das vacinas causarem danos à saúde dos filhos, entre outros2.

Objetivo: Realizar a análise descritiva dos dados da CV das Vacinas contra a Poliomielite no Brasil desde 2011 até a Campanha Nacional de Imunização do 2º semestre de 2018.

Método: Trata-se de uma análise descritiva dos dados obtidos pelo Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), referentes às CV da Vacina Inativada Poliomielite (VIP), administrada aos dois, quatro e seis meses de idade da criança e da Vacina Oral Poliomielite (VOP), realizada na forma de reforço, aos quinze meses e aos quatro anos de idade, bem como, as doses de reforço realizadas durante a campanha do Ministério da Saúde. O presente resumo possui carta de dispensa de apresentação de projeto de pesquisa para avaliação do sistema CEP-CONEP, sob o ofício nº007/2019.

Resultados: Nos anos de 2011 até 2015, a CV do Brasil manteve-se acima de 95,0%3. A partir de 2016 houve uma queda, atingindo 84,4% em 2016 e 78,1% em 20173.  Mais especificamente, em 2017, apenas 2.155 (39,0%) municípios, atingiram 95,0% ou mais da CV de rotina em menores de um ano, enquanto 1.568 (28,0%) alcançaram índices entre 80,0% e menor que 95,0%, 1.842 (33,0%) atingiram índices menores que 80,0%, sendo que 312 municípios apresentaram CV menor que 50,0%3. Nesse mesmo ano (2017), somente Rondônia e Ceará atingiram CV maior que 95,0%3 e em 2018, segundo dados preliminares coletados em junho, nenhum dos estados brasileiros atingiram a meta e apresentam uma média de 53,0% da CV. Na Campanha de Vacinação do 2º semestre de 2018, a CV da região Norte e Nordeste atingiu 95,0% em todos as idades (um a quatro anos) com média regional de 97,4% e 98,6% respectivamente4. Destaque para os estados do Amapá, Rondônia e Roraima da região Norte e Ceará, Pernambuco e Sergipe da Região Nordeste, que tiveram CV maior que 100,0%4. Entretanto, as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste atingiram a CV acima de 95,0% somente entre as crianças de dois a quatro anos, já as criança menores ou igual à um ano, alcançaram somente 86,9%; 89,2% e 89,6% da CV respectivamente, não atingindo a meta de 95,0%4.

Discussão: O estado de Roraima apresentou um surto de Sarampo em 2018, devido a CV baixa2, deixando o Brasil em alerta. As tensões aumentaram quando o país vizinho, Venezuela, constatou um caso de paralisia e houve associação com o vírus da Poliomielite2. Com medo de um surto de poliomielite a campanha de vacinação foi intensificada, principalmente em Roraima que obteve um dos maiores porcentagens da CV na campanha de 2018. Possíveis causas dessa baixa da CV e queda da homogeneidade vacinal, além dos já mencionados, incluem a falta de conhecimento dos usuários sobre os esquemas vacinais preconizados pelo calendário vacinal; ao horário restrito de funcionamento das salas de vacinação; profissionais insuficientes e despreparados para atender a demanda populacional; insumos e sala de vacinas em número insuficiente e medo de possíveis reações após vacinação, dentre outros fatores. O vírus da poliomielite, apesar de erradicado no Brasil, apresenta potencial chance de retorno ao território nacional, visto que, a CV para a sua vacina está decaindo. No ano de 2017 o número de crianças vacinadas contra o vírus foi o menor desde 2000, representando um problema de Saúde Pública. A investigação pelas possíveis causas da diminuição do número de crianças imunizadas, permite que as ações em saúde sejam mais focadas na real falha e eficientes para uma mudança do quadro atual, de forma a evitar o reaparecimento de casos de poliomielite.

Conclusão: De acordo com os resultados, observamos que a campanha atingiu a sua meta, no entanto, a vacinação de rotina apresenta porcentagem abaixo do esperado. Com isto, é necessário aumentar a conscientização da população quanto a importância da vacinação de rotina.

 

Referências:

 

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde Brasília. Coberturas vacinais no Brasil Período: 2010 - 2014. Brasília - DF; 2015. Acessado em: 04/12/18. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/agosto/17/AACOBERTURAS-VACINAIS-NO-BRASIL---2010-2014.pdf

  2. Zorzetto, R. As Razões da queda na vacinação. Boletim. Edição 270. Ago.2018. Fapesp. Acessado em: 04/12/18. Disponível em:  http://revistapesquisa.fapesp.br/2018/08/17/as-razoes-da-queda-na-vacinacao/

  3. Brasil. Ministério da Saúde. Avaliação das coberturas vacinais Calendário nacional de vacinação. 2018. Acessado em:04/12/2018. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/junho/29/3.a-Avaliacao-coberturas-vacinais-2018.pdf

  4. SIPNI. Campanha Nacional de Vacinação contra Poliomielite e Sarampo 2018. Acessado em: 04/12/2018. Disponível em: http://sipni.datasus.gov.br/si-pni-web/faces/inicio.jsf

Graduação

Descritores: Programas de Imunização; Poliomielite; Cobertura Vacinal; Política de Saúde; /prevenção & controle.

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