TREINAMENTO AUDITIVO INFORMAL GRUPAL NO CONTEXTO ESCOLAR: RESULTADOS PRELIMINARES
Ciências Básicas
Introdução: Sabe-se que uma vez triado e confirmado o diagnóstico do Transtorno do Processamento Auditivo (TPAC), a intervenção faz-se necessária e pode ser feita a partir do treinamento auditivo. Em muitos casos, faz-se necessário que a estimulação auditiva faça parte de um processo terapêutico que envolva também áreas não auditivas (processamento de linguagem, atenção e memória) considerando que é comum crianças com TPAC apresentarem dificuldades quanto às habilidades fonológicas e baixo desempenho acadêmico. Objetivo: descrever a eficácia de um protocolo de reabilitação auditiva e de linguagem aplicado em três grupos de escolares na faixa etária de 8 a 12 anos, a partir da comparação do desempenho nos testes diagnósticos do PAC, considerando o desempenho pré e pós intervenção. Método: Estudo descritivo e intervencionista, quantitativo de corte transversal, desenvolvido em parceria com uma Escola Estadual da Rede Pública e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP (parecer Nº 2.590.548). Após triagem escolar, independente do resultado, os escolares foram convidados a realizar avaliação audiológica e comportamental do PAC. O diagnóstico de TPAC considerou o mínimo de dois testes alterados. Dentre os escolares cujos pais consentiram a participação, foram selecionadas 12 crianças, que participaram de 8 sessões de estimulação auditiva e de linguagem na escola, divididos em três grupos de 4 escolares cada. O protocolo semanal foi elaborado com atividades do portal “Afinando o cérebro” e todas as sessões continham atividades envolvendo as habilidades auditivas de figura fundo, integração binaural, resolução temporal e ordenação temporal, além de uma atividade de linguagem e/ou memória associada com registro escrito pela criança. Para análise dos resultados, os escolares foram divididos em dois grupos, com base em um questionário respondido pelo professor responsável, a respeito do desempenho escolar e que continha histórico de repetência escolar e queixas dos pais e diagnóstico ou não de TPAC: Grupo 1 (G1) composto por 4 escolares com dificuldades escolares, TPAC diagnosticado na avaliação inicial, que passaram pelo programa de treinamento auditivo e foram reavaliados; Grupo 2 Controle (G2-C) 4 escolares sem dificuldades escolares e ausência de TPAC, que não passaram pelo programa de treinamento auditivo e foram reavaliados, e o Grupo G2, composto por 4 crianças sem dificuldades escolares e ausência de TPAC, que passaram pelo treinamento auditivo e foram reavaliados. Ao final, o desempenho pré e pós intervenção foi comparado para cada criança e em relação a comparação de G1, G2-C e G2. Resultados: No G1 verificou-se que após a estimulação todos os integrantes apresentaram melhora nas habilidades ordenação temporal, integração binaural, resolução temporal e figura fundo. Observou-se que 3 dos 4 integrantes obtiveram resultados dentro da normalidade nas avaliações do PAC, e apenas uma criança permaneceu com o diagnóstico de TPAC com alteração nas habilidades de ordenação temporal e integração binaural. No G2-C, observou-se que na reavaliação, sem a realização do protocolo de treinamento auditivo, que os sujeitos mantiveram resultados dentro do da normalidade com o mesmo padrão de desempenho nos testes que verificaram as habilidades auditivas de resolução temporal, ordenação temporal, figura-fundo e integração binaural, no qual foi possível verificar a normalidade do desenvolvimento neuromaturacional das habilidades auditivas, Por outro lado, em G2, além de resultados dentro da normalidade, verificou-se que 3 dos 4 escolares apresentaram melhora nas habilidades de ordenação temporal e figura fundo. Além disso, em G2, todos os sujeitos apresentaram melhora na habilidade de integração binaural, sendo que, 3 dos 4 escolares obtiveram rendimento total no resultado do teste dicótico de dígitos. Conclusão: Observou-se como dado preliminar a eficácia do protocolo proposto, pois foi capaz de promover melhora no desempenho em habilidades auditivas identificadas como alteradas a partir do diagnóstico do TPAC e da comparação do desempenho pré e pós intervenção. Além disso, identificou-se melhora e a eficácia da estimulação das habilidades auditivas mesmo em crianças com bom desempenho escolar e ausência de dificuldades auditivas prévias após a estimulação.
Mestrado
Transtornos da Audição, Processamento, Treinamento, Eficácia, Estudantes