Avaliação das toxicidades apresentadas por pacientes com câncer de pulmão tratados com carboplatina e paclitaxel
Clínica Médica
Introdução: O carcinoma de pulmão é a principal causa de morbidade e mortalidade relacionada ao câncer no mundo. Para 2020, são estimados mais de 2,2 e 1,9 milhões de casos novos e óbitos, respectivamente. Apesar dos fatores de risco para o desenvolvimento da neoplasia de pulmão serem bem conhecidos, cerca de 75% dos pacientes apresentam doença localmente avançada ou metastática no momento do diagnóstico, pois não existe um método eficaz para o diagnóstico precoce. Os principais agentes terapêuticos utilizados para o tratamento deste carcinoma são os quimioterápicos derivados de platina, associados a outros quimioterápicos. A efetividade deste tratamento é de aproximadamente 30%, e um dos problemas destes é a alta prevalência de reações adversas. As toxicidades estão relacionadas ao agente de platina utilizado, por exemplo, para cisplatina a principal toxicidade é a renal, de 20 a 30% e para a carboplatina a hematológica, de 25 a 40%. Por tanto, é importante avaliar a toxicidade deste tratamento para identificar possíveis fatores de risco e propor tratamentos adicionais para os eventos precocemente. Objetivo: Avaliar a prevalência das principais toxicidades decorrentes do tratamento com carboplatina e paclitaxel em pacientes com câncer de pulmão tratados no Hospital de Clínicas da Unicamp. Métodos: Este é um estudo clínico e observacional que está sendo realizado no Hospital de Clínicas da Unicamp, iniciado em março de 2018. O trabalho foi aprovado pelo CEP n° 83196318.8.0000.5404. Antes e depois de 15 e 20 dias da quimioterapia são realizadas coletas de sangue dos pacientes para a análise das toxicidades. As toxicidades avaliadas neste trabalho são a nefrotoxicidade (aumento da creatinina sérica, redução do clearance de creatinina, hipocalcemia, hipomagnesemia, hiponatremia, hipocalemia, hipofosfatemia e hiperucemia), as toxicidades gastrointestinais (náusea, vômito e diarreia), a hepatotoxicidade (hipoalbuminemia, aumento da gamaglutamiltransferase (GGT), aumento da bilirrubina total, aumento da fosfatase alcalina (FALC), aumento da aspartato aminotransferase (AST), aumento da alanina aminotransferase (ALT) e aumento das proteínas totais), e a toxicidade hematológica (anemia, leucopenia, neutropenia, linfocitopenia e trombocitopenia). Todas as toxicidades são classificadas de acordo com os Critérios Comuns de Toxicidade (CTCAE - versão 4). Resultados: Até o momento, foram incluídos treze pacientes. Em relação aos dados sócio-demográficos, as médias de idade, escolaridade e renda são 64,4 anos, 5,6 anos e 2,8 salários mínimos, respectivamente. Os pacientes são em sua maioria mulheres (77,0%), caucasianas (92,0%), casadas (53,8%), aposentadas (38,4%), tabagistas acentuadas (53,8%), abstêmias (61,5%), com performance status (KPS) de 90 (53,8%), com o tipo histológico carcinoma epidermóide (61,5%). Foi verificada a ocorrência de toxicidade em todos os parâmetros avaliados, porém em altos graus (2-3) apareceram, em especial, nos parâmetros hematológicos evidenciados por neutropenia (7,7%), leucopenia (7,7%) e linfocitopenia (15,4%). Conclusões: Foi observada uma alta prevalência de toxicidades após a realização da quimioterapia com carboplatina e paclitexel, sendo a toxicidade hematológica a mais pronunciada nos pacientes com câncer de pulmão tratados no Hospital de Clínicas da Unicamp.
Doutorado
Câncer de pulmão; toxicidades; toxicidade hematológica