Comparação dos métodos de avaliação da constipação intestinal em pacientes pediátricos
Clínica Médica
Introdução: A constipação em pediatria é um problema de saúde em todo o mundo, sendo de grande importância o diagnóstico e consequentemente o tratamento adequado. Há vários métodos de avaliação clínicos e radiológicos do hábito intestinal que podem ser empregados na prática clínica, porém a correlação entre os métodos não está estabelecida. Objetivo: O objetivo desse trabalho é a correlação entre os escores diagnósticos clínicos e radiológicos em crianças e adolescentes com diagnóstico de constipação. Métodos: Foram incluídos pacientes acompanhados no ambulatório de gastropediatria do Hospital das Clínicas da UNICAMP com diagnóstico de constipação intestinal funcional e excluídos pacientes que apresentavam comorbidades como: paralisia cerebral, má formação intestinal, cirurgia intestinal prévia, distúrbio de deglutição e doenças alérgicas intestinais. Foram avaliados idade, sexo, peso, altura, estado nutricional, consumo de nutrientes e a constipação foi avaliada pelos métodos: Escala de Bristol, Consenso de Roma IV e Radiografia Simples de Abdome com o uso dos escores de Barr et al., Leech et al. e Blethyn et al. Para a avaliação da alimentação foi aplicado aos pacientes por 3 dias o Registro Alimentar com o objetivo de investigar o consumo de nutriente. A classificação do estado nutricional foi determinada pelo IMC para idade. Analise estatística: na avaliação da concordância foi utilizada o teste Kappa. Para avaliação da relação entre as variáveis categóricas foi utilizado o teste Qui-quadrado e, quando necessário, o teste exato de Fisher. Para avaliação entre as variáveis numéricas foi utilizado o coeficiente de correlação Spearman. Para avaliação da relação entre variáveis numéricas e categóricas foram utilizados os testes de Mann-whitney e Kruskal-wallis. O nível de significância adotado para este estudo foi de 5%. Resultados: O estudo incluiu 42 pacientes com diagnóstico de constipação intestinal, 18 meninas (42,86%) e 24 meninos (57,14%) com média de 8,21 anos (mediana de 8,15 anos). Na distribuição do estado nutricional 2,38% das crianças e dos adolescentes foram classificados como magreza pelo IMC para idade, 69,05% como eutroficos, 16,7% como sobrepeso e 11,9% como obesos. Dos 42, apenas 32 pacientes entregaram os registros da alimentação para a análise. A média do consumo de água encontrada no grupo foi de 1.110ml/dia, onde, em 96,88% dos pacientes foi identificado um consumo abaixo do recomendado pelas DRIs. Já na análise das fibras foi possível observar que 100% dos indivíduos estudados não alcançaram a recomendação em gramas/dia. Houve correlação positiva entre a idade e o consumo de proteínas e fibras (respectivamente p=0.0380 e p= 0.0121), onde, quanto maior a idade, maior o consumo. A constipação foi identificada em 50% (n=40) dos pacientes classificados pelo critério de Roma IV. Na avaliação da escala de Bristol 33,33% (n=42) dos casos foram identificados como constipados. Ao considerar a análise realizada nas radiografias (n=38) obtivemos 60,53% de constipados para o escore de Leech et al., 97,37% para o escore de Blethyn et al. e 71,05% para o escore de Barr et al. Não houve concordância estatística entre os critérios de Bristol, ROMA VI e os escores radiológicos (Leech et al., Blethyn et al. e Barr et al.). Conclusão: Não identificamos correlação entre os critérios clínicos e radiológicos para o diagnóstico de constipação intestinal na infância e adolescência. O escore radiológico de Blethyn et al. foi o que obteve o melhor desempenho no diagnóstico de constipação.
Mestrado
Constipação intestinal. Criança. Diagnóstico.