Qualificações e Defesas - Detalhes

Fragilidade e comprometimento cognitivo: análises longitudinais do estudo FIBRA

Candidato(a): Beatriz Raz Franco de Santana
Orientador(a): Monica Sanches Yassuda



Apresentação de Defesa
Curso: Doutorado em Gerontologia
Local: Anfiteatro da Pós-Graduação/FCM
Data: 16/04/2024 - 09:30 hrs
Banca avaliadora
Titulares
Monica Sanches Yassuda - Presidente,
FCM-UNICAMP
Aline Cristina Martins Gratão - Universidade Federal de São Carlos
Henrique Salmazo da Silva - Universidade Católica de Brasília
Maria Teresa Carthery-Goulart - Centro de Matemática, Computação e Cognição - Universidade Federal do ABC
Paula Teixeira Fernandes
Suplentes
Thais Bento Lima da Silva - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Ruth Caldeira de Melo - Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo
Rosa Yuka Sato Chubaci

Resumo


Introdução: A fragilidade é definida como um estado reconhecível de vulnerabilidade aumentada resultante do declínio da função associada à idade em vários sistemas fisiológicos, de modo que a capacidade de lidar com estressores agudos ou cotidianos fica comprometida. Objetivos: Artigo 1: Caracterizar uma amostra de pessoas idosas com comprometimento cognitivo, conforme o status de fragilidade, avaliada de forma indireta por familiares, outras variáveis clínicas e sociodemográficas; e avaliar a sobreposição das condições clínicas avaliadas nessa amostra com comprometimento cognitivo. Artigo 2: Investigar longitudinalmente quais características dos participantes do estudo FIBRA na linha de base seriam preditivas de declínio cognitivo e funcional (possível demência) em nove anos. Métodos: Os dados foram extraídos do banco de dados do Estudo da Fragilidade em Idosos Brasileiros (FIBRA). No Artigo 1, a amostra foi composta por 130 pessoas idosas com comprometimento cognitivo avaliado pelo Mini Exame do Estado Mental (MEEM) na avaliação de seguimento do FIBRA (2016-2017). Foram descritos os escores da Escala Clínica de Demência (CDR), Escala Cornell de Depressão em Demência e o Questionário de Atividades Funcionais. A fragilidade foi medida indiretamente por meio de questões respondidas pelos familiares sobre os cinco critérios que compõem o fenótipo de fragilidade. No Artigo 2, a amostra foi composta por 549 participantes reentrevistados no estudo de seguimento, sendo excluídos 98 participantes que tinham comprometimento cognitivo no início do estudo. Dentre os 451 participantes incluídos nesta análise, 87 tinham escore no MEEM abaixo da nota de corte no seguimento, 85 foram identificados com possível demência. Foram utilizados dados completos na linha de base e seguimento para as variáveis sexo, idade, escolaridade, fragilidade, número de doenças crônicas, tabagismo, uso de álcool. Resultados: Artigo 1: A amostra foi composta em sua maioria por mulheres (n=91) e idosos com idade média de 82,4 (DP= 5,3) anos, escolaridade média de 3,3 anos (DP=3,07), viúvos (47,7 ) e que viviam com filhos e/ou netos (68 ). Mais da metade apresentava quadro de multimorbidade (74,90 ), 39,5 apresentavam sintomas depressivos sugestivos de depressão maior, 57 tinham alteração da funcionalidade, 49,3 eram frágeis, 37,6 pré-frágeis e 13,10 robustos. Artigo 2: A amostra com os dados do seguimento foi composta predominantemente por mulheres (68,1 ), com idade entre 65 e 74 anos (71,6 ), baixa escolaridade (75,6 ), não fumantes (57,7 ), que não consumiam álcool (67,0 ) e com duas ou mais doenças crônicas (69,1 ). Quanto à fragilidade, na linha de base, 35,5 eram não frágeis, 57,0 pré-frágeis e 7,5 frágeis. No seguimento, 29,4 eram não frágeis, 62,3 pré-frágeis e 8,3 eram frágeis. Quanto à cognição, 85 idosos apresentaram déficit cognitivo no MEEM, sendo que destes 45 apresentavam alterações funcionais, indicando possível demência (incidência de 9 ). A regressão logística indicou que a fragilidade na linha de base não se associou à possível demência no seguimento, com associação significativa somente para a variável idade, com maior risco para os mais velhos. Maior escolaridade mostrou tendência a menor risco para possível demência. Conclusões: Entre idosos com alterações cognitivas, é comum a co-ocorrência de fragilidade e de alterações funcionais. A idade mais elevada na linha de base foi um preditor de possível demência após nove anos, enquanto a fragilidade não demonstrou ser um preditor significativo.