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Livro sobre distúrbios da diferenciação sexual chega à terceira edição

Obra organizada pelos professores Gil Guerra Júnior e Andréa Maciel Guerra, ambos da FCM, tem dois volumes e conta com a coautoria de 44 especialistas

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Quando foi lançado em 2002, o livro “Menino ou menina? – Distúrbios da Diferenciação do Sexo”, organizado pelos professores Gil Guerra Júnior e Andréa Trevas Maciel Guerra, ambos docentes da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, trouxe importantes contribuições para a melhor compreensão dos casos relacionados à temática. Com o decorrer dos anos e o consequente avanço do conhecimento, a obra foi atualizada e ampliada, ganhando a segunda edição em 2010 e terceira em 2019. Esta última foi apresentada ao público recentemente, em 13 de abril, durante curso anual sobre diferenciação sexual oferecido pela dupla para profissionais ligados à área médica originários de todo o Brasil.

De acordo com a professora Andréa Guerra, o grande avanço registrado desde o lançamento da primeira edição do livro foi o advento do diagnóstico molecular. A ferramenta permite a identificação da origem de uma determinada anomalia. “Através desse recurso, nós temos como fazer um diagnóstico preciso, o que é importante tanto do ponto de vista médico, quanto do ponto de vista social. Outro aspecto relevante é que, a partir da determinação da natureza do problema, nós podemos traçar um prognóstico sobre o risco de comorbidades [desenvolvimento de doenças associadas, como neoplasias] ou acerca de questões relativas ao desenvolvimento na puberdade ou à fertilidade na fase adulta”, explica.

O professor Gil Guerra observa que nem sempre é possível determinar o sexo logo após o nascimento. Às vezes, informa, a diferença em relação à genitália tipicamente masculina e feminina não é facilmente perceptível. “Se não houver uma investigação nesta fase, o problema vai surgir tardiamente, na adolescência, o que vai causar uma série de dificuldades e, não raro, constrangimentos ao paciente”, aponta. Na Unicamp, o atendimento a esses casos é feito pelo Grupo Interdisciplinar de Estudos da Determinação e Diferenciação do Sexo (GIEDDS), criado em 1988 e vinculado ao Departamento de Genética Médica e Medicina Genômica da FCM.

Foto: Scarpa
A professora Andréa Maciel Guerra: o grande avanço registrado desde o lançamento da primeira edição do livro foi o advento do diagnóstico molecular

O ambulatório do GIEDDS está instalado no Hospital de Clínicas (HC). “Aqui, nós atendemos desde recém-nascidos até adultos. Estes últimos nos procuram principalmente por causa de problemas de fertilidade advindos de disfunção do testículo. Aliás, as pessoas confundem muito o nosso trabalho. Nós não oferecemos tratamento para casos de distúrbio de sexo de ordem psicológica. Nós lidamos exclusivamente com a malformação do aparelho reprodutor, algo que pode ou não ser perceptível no nascimento”, registra Gil Guerra.

Um ponto tratado na mais recente edição do livro é o papel fundamental cumprido pela família durante o processo de definição sexual do paciente. A professora Andréa Guerra observa que todo casal espera que o seu filho nasça perfeito. “Quando o bebê apresenta um problema, é preciso que a família viva uma espécie de ‘luto da criança perfeita’ e, em seguida, lide com a realidade. Nós precisamos entender que assim como tem pessoas que nascem com distúrbios cardíacos, também existem aquelas que nascem com anomalias nos aparelhos reprodutores. Nosso objetivo é diagnosticar o problema e iniciar o tratamento da forma mais precoce possível”, pontua a docente.

Ainda sobre a participação da família, Gil Guerra comenta que uma das atribuições do GIEDDS é fazer o aconselhamento genético dos pais, dado que existe risco de recorrência de malformações entre irmãos. “O casal precisa ser alertado para que considere essa possibilidade no caso de optar por nova gravidez”, afirma Andréa Guerra, que acrescenta: “Nós prestamos um serviço que atende do feto ao idoso. Essa experiência nos dá uma característica diferente das demais iniciativas nessa área. Eu arrisco a dizer que em termos de qualidade clínica e apoio ambulatorial, nós não deixamos nada a dever a experiências semelhantes do exterior”, analisa.

Foto: Scarpa
O professor Gil Guerra Júnior: em determinados casos, a diferença em relação à genitália tipicamente masculina e feminina não é facilmente perceptível

A terceira edição do livro “Menino ou menina? – Distúrbios da Diferenciação do Sexo” conta com a participação de 44 coautores, de diferentes especialidades. Publicado pela Appris, em dois volumes, a obra pode ser adquirida no site da editora para o volume 1 e para o volume 2 e, brevemente, em livrarias. Também está disponível em versão e-book. Ao longo de 13 capítulos, são apresentados os aspectos genéticos, embriológicos, endócrinos e psicológicos da diferenciação sexual humana, os critérios diagnósticos, a classificação e a descrição dos diversos tipos de distúrbios, a sistemática de investigação clínica e laboratorial e a abordagem terapêutica.

São enfatizadas questões relativas à definição do sexo de criação, à reposição hormonal, à correção cirúrgica, à possível associação com neoplasias, ao acompanhamento psicológico e social e ao aconselhamento genético, além de questões médico-legais relacionadas à mudança de registro civil. O conteúdo está organizado de forma a ser fonte de referência para o ensino de graduação, residência médica e pós-graduação e para a prática diária de profissionais da área de saúde.


ReproduçãoServiço

Título: Menino ou menina? – Distúrbios da Diferenciação do Sexo

Organizadores: Gil Guerra Júnior e Andréa Trevas Maciel Guerra

Autores: Vários

Editora: Appris

Páginas: 343

Encadernação: Brochura

Preço sugerido: R$ 75,00 (versão imprensa cada volume, num total de R$ 150,00 os dois volumes) e R$ 41,25 (versão digital cada volume, num total de R$ 82,50 os dois volumes)

 

 

 

 

 

Imagem de capa JU-online
Audiodescrição: em área interna, imagem de busto e em perfil, seis pessoas sentadas em cadeiras, sendo três à direita, e outras três à esquerda, um grupo de frente ao outro. A maioria delas apoia os braços em uma extensa mesa retangular de madeira disposta entre elas. A imagem das pessoas está desfocada, uma vez que em primeiro plano aparece, ao centro da imagem, um livro, inclinado para traz, com capa branca e onde se lê em destaque o título Menino ou Menina? A maioria das pessoas usa jaleco. Imagem 1 de 1

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