Unicamp debate o assédio moral,
em evento organizado pela CGU

03/06/2016 - 14:51

O assédio moral, que ocorre em diferentes ambientes de trabalho, não pode ser entendido como um problema de relacionamento entre pessoas, mas sim como um problema da organização do trabalho. A afirmação foi feita na manhã desta sexta-feira (3) pelo professor da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, Roberto Heloani, que fez a conferência de abertura da terceira edição do Refletir - Encontro Permanente sobre vivência e gestão na Unicamp, iniciativa da Coordenadoria Geral da Universidade (CGU). O evento, que teve como tema “Assédio moral faz mal à saúde”, foi realizado no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM).

De acordo com Heloani, o assédio moral não é problema individual, mas sim coletivo e político. Ele destacou que, na maioria dos casos, não basta identificar e afastar o assediador, pois o seu substituto continuará adotando as mesmas práticas, visto que estas têm origem na forma como o trabalho é organizado. “Isso decorre do fato de as organizações avaliarem o resultado e não o trabalho. Trabalho envolve ética, esforço, responsabilidade, coleguismo etc, aspectos que não podem ser mensurados por meio de números”, ponderou.

Com base em 17 anos de experiência no estudo do assunto, o docente da FE observou que o assédio moral, que tem por objetivo subjugar, humilhar, desqualificar, constranger ou demolir psiquicamente o indivíduo, é praticado tanto de forma vertical (superior contra subordinado) quanto horizontal (entre pares). “É um problema sério, que em alguns casos leva o assediado inclusive ao suicídio”, alertou.

Heloani advertiu, porém, que é preciso saber diferenciar o assédio moral de um mal-entendido ou um conflito pontual entre pessoas. “O assédio é uma conduta abusiva, intencional, frequente e repetida, que objetiva extrair do assediado o que ele tem de mais precioso, que é o respeito a si próprio”, enfatizou. Na sequência da conferência do docente da FE, Maria Aparecida Quina de Souza, coordenadora da Diretoria Geral de Recursos Humanos (DGRH) da Unicamp, falou sobre como a Universidade tem tratado o tema do assédio moral.

Segundo ela, em 2007 a Unicamp assinou um Termo de Ajuste de Conduta com o Ministério Público, com vistas ao combate ao assédio moral na instituição. Esse documento foi atualizado em 2015. Maria Aparecida esclareceu que a DGRH tem feito um trabalho de esclarecimento sobre o tema em todas as unidades e órgãos da Universidade, focando a prevenção.

“Quando recebemos uma denúncia, nós fazemos o acolhimento dos virtuais assediado e assediador, visto que é preciso investigar se a prática realmente se configurou. Nós temos uma equipe de psicólogos para atender essas pessoas. Quando há evidências da ocorrência do assédio, é aberta uma sindicância para apurar os fatos. Se o assédio for comprovado, o passo seguinte é a abertura de um processo administrativo para definir as possíveis punições”, esclareceu.

A coordenadora da DGRH informou que, em boa parte dos casos de denúncia de assédio, a prática não fica configurada. “Muitas vezes, trata-se de um conflito de relacionamento ou um desentendimento pontual. Nesse caso, nós fazemos a mediação, propomos uma conciliação e, se for o caso, formalizamos um acordo entre as partes, por meio da assinatura de um documento. Depois disso, DGRH faz o acompanhamento para verificar se o que foi acordado está sendo cumprido”, explicou.

Participaram da mesa de abertura da terceira edição do Refletir - Encontro Permanente sobre vivência e gestão na Unicamp o assessor da CGU, professor José Marcos Pinto da Cunha, e o presidente da Associação dos Docentes da Unicamp (Adunicamp), professor Paulo Cesar Centoducatte.

Comentários

Evento excelente, esclarecedor, amei ter assistido. Aprendi bastante e quero ver outros assim.
Meus parabéns aos participantes e ao Prof Álvaro pela brilhante iniciativa

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railda@hc.unicamp.br