Resumo
Devido às mudanças que a Saúde Mental no Brasil vem passando ao longo de sua história, desde a Reforma Psiquiátrica na década de 70, os modelos substitutivos vêm se desconstruindo e se reconstruindo, na tentativa de ressignificar os cuidados nessa área, num contexto de tensões, conflitos e incompreensões sobre como fazer saúde mental de forma participativa, comunitária e eficaz, perpassado por lutas de poderes políticos que ora se traduzem em avanços democráticos coletivos, ora golpeiam a liberdade e a dignidade humana.
Nesse sentido, baseados nos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), as ações entre redes e intersetoriais têm se mostrado também estratégias importantes para criar e difundir modelos organizativos que garantam acessibilidade e participação ativa da comunidade na saúde, mais especificamente em relação à saúde mental, conforme propõe a presente pesquisa.
Assim, a mudança paradigmática do modelo hospitalocêntrico verticalizado para um modelo de cuidados pautado na transversalidade da rede é algo que se faz enquanto se caminha, ou seja, é prática e teoria aplicada, em um saber que se constrói à medida que se observam as necessidades e implicações no mundo real.
A proposta do presente projeto de pesquisa foi conhecer a compreensão dos principais atores sociais desta peça em ascensão “Desenvolvimento de Políticas em Saúde Mental”, que são os usuários e os trabalhadores da RAPS de um município de pequeno porte do interior do estado de São Paulo, explorando os aspectos subjetivos da percepção a respeito do acesso ao cuidado e de possíveis lacunas e desencontros, bem como as forças relacionais e as potencialidades.
Os resultados evidenciam a potência no discurso dos atores sociais enquanto seus papéis de atuação e as fragilidades da participação social suprimidas pelo sistema e as relações de poder, evidenciando a constante necessidade das lutas sociais e criação de espaços democráticos da coprodução de sujeitos e processos.
Palavras-chave: Saúde Mental, Percepção dos usuários e trabalhadores, Relações entre redes, Saúde Comunitária
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