Gene DREAM pode estar relacionado com a progressão do câncer de tireoide, aponta pesquisa premiada da FCM

Enviado por Edimilson Montalti em Ter, 03/09/2019 - 09:53

Estudo ganhou prêmio de melhor artigo de 2018 da revista Archieves of Endocrinology and Metabolism

A pesquisa Diagnostic utility of DREAM gene mRNA levels in thyroid tumours, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, ganhou o prêmio AE&M Professor Thales de melhor trabalho publicado em 2018 na revista Archieves of Endocrinology and Metabolism. A premiação aconteceu durante o Congresso Brasileiro de Atualização em Endocrinologia e Metabologia (CBAEM), ocorrido de 21 a 24 de agosto desse ano em Florianópolis, SC.

O trabalho envolveu pesquisadores do Laboratório de Genética Molecular do Câncer (Gemoca) da FCM, do Departamento de Patologia do Hospital AC Camargo da Fundação Antonio Prudente e do Centro de Biologia e Engenharia Genética (CBMEG) da Unicamp. Os autores do estudo são: Fernando A. Batista, Marjory A. Marcello, Mariana B. Martins, Karina C. Peres, Ulieme O. Cardoso, Aline C. D. N. Silva, Natassia E. Bufalo, Fernando A. Soares, Márcio J. da Silva, Lígia V. Assumpção e Laura S. Ward. A apresentação do trabalho foi feita por Karina Colombera Peres, do Gemoca, durante o CBAEM.

Os pesquisadores investigaram a expressão gênica [um dos processos pela qual a informação contida no DNA é copiada em uma fita de RNA mensageiro necessária para a produção de proteínas] e ocorrência de alterações genéticas do gene DREAM em pacientes com nódulos malignos e benignos da tireoide. Esse gene interage com outros genes na manutenção e diferenciação da célula folicular tireoidiana. A hipótese dos pesquisadores é de que esse gene possa estar relacionado com a progressão do tumor.

Para o estudo foram usados amostras de tecido tireoidiano de 200 pacientes do Hospital AC Camargo. Os pacientes são de ambos os sexos e com idade entre 14 a 70 anos. Todos os pacientes foram tratados de acordo com um protocolo padrão e seguidos por 12 a 87 meses, após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).

“Conforme o tecido perdia suas características celulares normais, encontramos uma diminuição da expressão de DREAM. Além disso, a expressão gênica de DREAM mostrou potencial para ser um biomarcador para nódulos malignos e benignos”, explica Karina Colombera Peres.

De acordo com Laura Sterian Ward, professora da FCM e orientadora do estudo, a importância destes achados está na identificação de nódulos indeterminados – aqueles nódulos que o patologista não consegue identificar claramente como benignos ou malignos.

“O paciente acaba sendo submetido a cirurgias desnecessárias, já que a maior parte destes nódulos é benigna. Existem várias plataformas comerciais que podem ajudar nestes casos, mas os custos são elevados e geralmente inacessíveis no sistema público de saúde. Nossas pesquisas visam obter métodos mais baratos e que possam ser aplicados à população com facilidade”, pontua Ward, responsável pelo Gemoca.

Leia aqui o artigo premiado na íntegra.