Qualificações e defesas - Detalhes


PESQUISA DE INFECÇÃO VIRAL EM PACIENTES COM ATRESIA BILIAR E RELAÇÃO COM DRENAGEM BILIAR APÓS CIRURGIA DE KASAI


Candidato(a): Giselle Braga Jara
Orientador(a): Gabriel Hessel

Apresentação de Defesa

Curso: Saúde da Criança e do Adolescente
Local: Anfiteatro da CPG/FCM
Data: 12/12/2025 - 13:00
Banca avaliadora
Titulares
Gabriel Hessel
Alexandre Rodrigues Ferreira
Elizete Aparecida Lomazi
Regina Sawamura
Maria Angela Bellomo Brandao
Suplentes
Irene Kazue Miura
Daniela Maira Cardozo
Eleonora Druve Tavares Fagundes

Resumo



A atresia biliar (AB) é uma doença grave de manifestação neonatal, caracterizada pela obstrução inflamatória e fibrótica das vias biliares. A portoenterostomia de Kasai é o tratamento que possibilita restaurar o fluxo biliar. A porcentagem de sucesso da cirurgia varia de acordo com os centros de referência de tratamento para atresia biliar. Um fator crítico para o prognóstico a longo prazo da cirurgia de Kasai é o clearance da icterícia nos primeiros meses após a cirurgia. Infecções virais têm sido relacionadas com a fisiopatologia da atresia biliar e há indícios de que a infecção por CMV pode interferir no prognóstico da AB.

O presente estudo teve o objetivo de avaliar a prevalência de infecções virais em casuística de pacientes com atresia biliar e correlacionar presença de infecção com clearance da icterícia.

Foram avaliados 94 pacientes com AB, diagnosticados entre 1981 a 2021. A primeira consulta no ambulatório de Hepatologia Pediátrica ocorreu em média com 83,7 dias de vida. Oitenta e um casos (86,2 ) foram submetidos a cirurgia de Kasai, em média com 89,4 dias de vida. Foi pesquisada infecção pelos vírus citomegalovírus (CMV), Epstein–Barr (EBV), varicela-zoster (VZV), papilomavírus humano (HPV), parvovírus B19, vírus herpes simples tipos 1 e 2 (HSV-1, HSV-2), herpesvírus humano 6 e 7 (HHV-6, HHV-7), poliomavírus BK/JC e adenovírus. A infecção por CMV foi pesquisada em 74 pacientes por algum método (nested-PCR em tecido hepático, PCR em tempo real em tecido hepático, sorologia, pp65-antigenemia, nested-PCR na urina e sangue) e foi positiva em 41 deles (55,4 ). Houve 1 caso positivo para EBV e nenhum caso positivo para os demais vírus.

Apesar de todas as enzimas hepáticas (AST e ALT) e canaliculares (fosfatase alcalina e gama-GT) terem médias inferiores entre 120 e 180 dias após a portoenterostomia, em relação ao período pré-operatório, essa diferença não foi estatisticamente significativa. Os valores de bilirrubina total (BT) e bilirrubina direta (BD) também têm médias mais baixas entre 4 a 6 meses após a cirurgia, porém apenas para o grupo CMV negativo essa queda tem significância estatística, com os pacientes sem infecção por CMV apresentando valores inferiores (BT=5,5mg/dl e BD= 3,6mg/dl) aos demais pacientes (BT=11,1mg/dl e BD= 8,8mg/dl).

Apenas 26/81 (32,1 ) dos pacientes submetidos a cirurgia de Kasai alcançaram níveis de bilirrubina total inferior a 2mg/dl. Entre os pacientes com pesquisa positiva para CMV, 14/39 (35,9 ) alcançaram clearance da icterícia e 8/25 (32 ) pacientes com pesquisa negativa para CMV alcançaram clearance da icterícia, não havendo diferença estatística entre os grupos.

Nossos achados e outros dados já publicados até o momento apoiam a classificação da atresia biliar associada à infecção por CMV como subgrupo específico.

Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas

Correspondência:
Rua Vital Brasil, 80, Cidade Universitária, Campinas-SP, CEP: 13.083-888 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" CEP: 13083-894. Campinas, SP, Brasil.
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