A pandemia da COVID-19 transformou drasticamente os sistemas público e privado de saúde em todo o mundo. A rápida transmissão do vírus resultou em um aumento exponencial na demanda por serviços de saúde. As restrições impostas pela pandemia da COVID-19, incluindo estratégias de mitigação para evitar disseminação da infecção, dificultaram a participação dos pacientes com sequelas da COVID-19 em programas convencionais de reabilitação com atividades presenciais. Diante deste cenário, abordagens inovadoras de atendimento, como a telerreabilitação, foram propostas com o objetivo contribuir com os pacientes no processo de reabilitação.
OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi avaliar e comparar a eficácia de um programa de telerreabilitação pulmonar (PTRP) na modalidade exclusivamente remota versus a modalidade híbrida (remota e presencial) em pacientes com disfunção respiratória persistente após hospitalização por pneumonia por COVID-19, e comparar a capacidade funcional de pacientes que participaram de um PTRP com aqueles que não participaram.
DESENHO DO ESTUDO:Foi realizado um um ensaio clínico randomizado, intervencionista e prospectivo. Em paralelo, um estudo de coorte observacional foi realizado.
MÉTODOS: Pacientes com disfunção respiratória persistente e capacidade funcional reduzida, medida pelo Teste de Caminhada de Seis Minutos (TC6), após hospitalização por pneumonia por COVID-19, foram considerados elegíveis para um PTRP. Para avaliar a eficácia do PTRP, o resultado primário foi a distância percorrida no TC6 (DTC6) e o resultado secundário foi a qualidade de vida avaliada pelo questionário SF-36.
POPULAÇÃO: Trinta pacientes pós-COVID-19 foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos: G1 (supervisão totalmente remota do PTRP) ou G2 (supervisão híbrida do PTRP). Trinta e sete pacientes pós-COVID-19 foram acompanhados sem participar do PTRP (grupo não intervenção - GNI).
RESULTADOS: Ambos os grupos G1 e G2 apresentaram melhora semelhante na DTC6, p<0,001 e na qualidade de vida (p<0,05). O GI (G1+G2) apresentou maior DTC6 do que o GNI (p<0,001). O aumento da DTC6 para o GI foi de 140,5m, enquanto para o GNI foi de 16,8m (p=0,002).
CONCLUSÕES: O PTRP demonstrou ser uma intervenção exequível e altamente eficaz na melhora da capacidade funcional e da qualidade de vida, independentemente do tipo de supervisão. Além disso, o ganho funcional foi mantido a longo prazo. Em pacientes com disfunção pulmonar, a participação no PTRP demonstrou ser mais eficaz na melhoria da capacidade funcional do que nas orientações convencionais para a retomada da atividade física durante o período de convalescença.