Qualificações e defesas - Detalhes


Entrelaços de percepções: o agente comunitário de saúde no cuidado e acompanhamento de crianças com deficiência


Candidato(a): Priscila Raquel Manera Leme
Orientador(a): Ivani Rodrigues Silva

Apresentação de Defesa

Curso: Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação
Local: Sala Amarela da Pós-graduação/FCM
Data: 05/12/2025 - 08:30
Banca avaliadora
Titulares
Ivani Rodrigues Silva
Cássia Sígolo
Rita De Cassia Ietto Montilha
Suplentes
Nereida Lucia Palko dos Santos
Zelia Zilda Lourenco De C Bittencourt

Resumo



Introdução: O Agente Comunitário de Saúde atua na Atenção Básica por visitas domiciliares, cadastramentos individuais, domiciliares e mapeamento do território, desempenhando função de elo entre comunidade e equipe de saúde. Nesse cenário, sua prática carrega a potência de ampliar o entendimento de saúde, extrapolando o campo estritamente biomédico. Ao acompanhar famílias e crianças do território, depara-se com a deficiência como temática ainda pouco explorada, que exige ampliar e aprofundar o olhar para dimensões mais desafiadoras no contexto da saúde. Objetivo: Pesquisar a vivência do agente comunitário de saúde para a identificação de deficiências físicas e sensoriais em crianças de zero a dez anos. Método: Trata-se de um estudo descritivo exploratório quanti-qualitativo de corte transversal, iniciado por buscas bibliográficas, seguido pela coleta de dados entre os meses de janeiro a junho de 2024. Foram aplicadas entrevistas semiestruturadas em grupo com agentes comunitários de saúde em um único encontro, em 13 unidades de saúde de um município do interior de São Paulo. As transcrições foram submetidas à análise de conteúdo de Minayo. Os dados estatísticos para o cálculo de prevalência de deficiências em crianças de zero a dez anos foi coletado a partir do sistema de informação municipal. Resultados: Participaram do estudo 41 agentes comunitários de saúde, 100 do sexo feminino. Os relatos foram organizados em duas categorias: “Percepção dos agentes comunitários de saúde acerca das deficiências em crianças”, com dois núcleos de sentido: Identificação e acompanhamento de crianças com deficiências e Desafios na prestação de cuidados de saúde; e na categoria “Trajetória das informações coletadas pelos agentes comunitários de saúde”, com dois núcleos de sentido: Recebimento das informações coletadas e Fluxo de encaminhamento das informações. A atuação desses profissionais evidencia potencial estratégico na Atenção Primária à Saúde, especialmente no acompanhamento de crianças com deficiência. O vínculo com as famílias fortalece o sentimento de pertencimento à equipe e sustenta a dimensão do cuidado, principalmente pelas visitas domiciliares. Entretanto, a ausência de cobertura em determinados territórios fragiliza o acompanhamento. Apesar do interesse em refletir sobre o tema, alguns agentes relataram experiências de desvalorização, sendo reduzidos a simples transmissores de informações. Carência de especialistas e entraves na Rede de Atenção à Saúde reforçam barreiras que limitam a integralidade do cuidado, prolongam esperas e lançam famílias à busca de alternativas fora do sistema público. Além disso, a persistência de concepções biomédicas, que priorizam a cura e os aspectos físicos em detrimento dos sociais, psicológicos e culturais, contrasta com o modelo biopsicossocial, contribuindo para a invisibilidade da deficiência. Conclusão: A identidade dos agentes comunitários de saúde em seu processo de trabalho constitui um cenário promissor para ampliação de seu escopo de atuação e para produção científica, embora ainda marcada por contradições e demandas de aprendizado. A implementação de filtros mais específicos no sistema de informação municipal permitiria ampliar a atenção da gestão para suas atividades, evitando a subutilização das informações e o enfraquecimento de seu trabalho na Atenção Primária à Saúde.

Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas

Correspondência:
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Acesso:
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