O câncer de próstata (CaP) é a segunda causa de morte em homens. A prostatectomia radical (PR) é um tratamento consolidado contra essa doença, embora tenha impacto negativo na qualidade de vida (QV), especialmente quanto à função sexual. A radioterapia também tem papel importante, mas soma morbidades funcionais a esses pacientes. O acompanhamento vigiado tem grande valor frente possibilidade de reduzir o tempo e por vezes evitar essas complicações, quando bem indicado. A disfunção erétil (DE) pode ser tão incapacitante quanto os demais problemas físicos crônicos, uma vez que afetam autoestima e QV, impactando negativamente nas interações interpessoais.
O objetivo desse trabalho foi avaliar o impacto da atividade física em grupo em pacientes que passaram por tratamento e/ou que fizeram acompanhamento vigiado. Integraram a pesquisa pacientes do Ambulatório de Urologia Oncológica da UNICAMP, que passaram por tratamento ou estavam em acompanhamento vigiado pelo câncer de próstata, demonstrando diminuição da qualidade de vida por queixas funcionais. Inicialmente, foi realizada uma entrevista para triagem do grau de dificuldade de ereção com auxílio do instrumento Anamnese, FACT-P, IIEF-5, Planilha de Atividade Física, aferição de Frequência Cardíaca (FC) e Pressão Arterial (PA), para preenchimento no decorrer do mês. Os dados foram coletados em 2 sessões iniciais, antes do início do tratamento ou início do acompanhamento vigiado, logo após receberem o diagnóstico.
Os participantes foram acompanhados por doze semanas, com orientações semanais em grupo conduzidas pela professora de educação física. A recomendação foi de 150 minutos semanais de caminhada, realizada de forma individual. Dos 61 pacientes que responderam o questionário inicial, apenas 20 concluíram o estudo, sendo divididos igualmente entre os grupos controle e intervenção. Os grupos apresentaram características sociais e antropométricas semelhantes, exceto por menor escolaridade entre os que aderiram à caminhada supervisionada, o que pode refletir maior motivação entre indivíduos com menor acesso a práticas saudáveis. Todos os participantes do grupo intervenção atingiram ou superaram a meta semanal. Após a intervenção, observou-se redução estatisticamente significativa na FC e na PA, indicando benefício cardiovascular. Houve melhora dos escores FACT-P e IIEF-5 ao longo do tempo em ambos os grupos, porém sem diferença significativa entre eles.
Conclui-se que a caminhada supervisionada teve efeito positivo sobre parâmetros cardiovasculares e demonstrou potencial como estratégia de promoção de autoestima e pertencimento social. No entanto, os achados não demonstraram significância estatística na melhora da qualidade de vida e da função sexual. Estudos futuros com maior número participantes e intervenções mais longas poderão fornecer dados mais robustos, permitindo avaliar com maior precisão os efeitos da atividade física na qualidade de vida e na função sexual desses pacientes.