Introdução: O propósito de vida (PV) é uma dimensão central do Bem-Estar Psicológico (BEP) e um fator protetor no envelhecimento, associado a desfechos positivos em saúde física, mental e funcional. Embora amplamente estudado em contextos internacionais, há lacunas sobre os determinantes emocionais, funcionais e de personalidade que sustentam ou interferem no PV em idosos brasileiros. A compreensão dessas variáveis é crucial para subsidiar estratégias de promoção de saúde mental positiva na velhice. Objetivo: Esta tese teve como objetivo investigar a associação entre PV e aspectos emocionais, de personalidade, e saúde física em pessoas idosas, por meio de três estudos complementares e articulados, baseados no banco de dados do estudo FAPRE, realizado com 604 idosos na cidade de Patos de Minas, Minas Gerais. Métodos: No Estudo 1, investigamos a associação entre fragilidade física autorreferida, cognição (MEEM) e sintomas de depressão, ansiedade, e estresse (DASS-21) em 604 pessoas idosas. No Estudo 2, avaliamos a relação entre PV e sintomas de depressão, ansiedade e estresse (DASS-21) em 446 pessoas idosas cognitivamente saudáveis. O PV foi mensurado com base no Inventário de BEP de Ryff e validado para o Brasil. No Estudo 3, examinamos a associação entre PV, neuroticismo, afetividade negativa e funcionalidade (n= 446). O neuroticismo foi avaliado pelo NEOPI-R; a afetividade negativa foi calculada a partir dos escores da DASS-21; e a funcionalidade, pela Escala de Atividades Instrumentais de Vida Diária de Lawton e Brody. Resultados: O Estudo 1 mostrou que a maioria dos participantes apresentava fragilidade ou pré-fragilidade física, condição que esteve significativamente associada a sintomas de ansiedade, depressão, declínio cognitivo e fatores sociodemográficos. O Estudo 2 revelou que sintomas moderados a graves de depressão, ansiedade e estresse aumentaram o risco de baixo PV, enquanto maior escolaridade foi fator protetor. O Estudo 3 evidenciou que baixos níveis de neuroticismo se associaram a maior prevalência de alto PV, enquanto alta afetividade negativa e dependência funcional estiveram ligados a menor PV. Conclusão: Os três estudos reforçam o papel central do PV como indicador-chave de saúde mental e bem-estar na velhice. Sintomas psiquiátricos, traço de personalidade e perda de funcionalidade impactam negativamente o PV, enquanto fatores como escolaridade elevada e menor neuroticismo favorecem sua preservação. Esses achados fortalecem a compreensão do PV como eixo estruturante da saúde psicológica na velhice, e apontam para a necessidade de estratégias integradas que o promovam como parte central do cuidado com a pessoa idosa.