Introdução: A Doença Renal Crônica em crianças e adolescentes constitui um desafio para a saúde pública. Estudos apontam déficits precoces em atenção, memória, linguagem e velocidade de processamento, sugerindo a necessidade de investigações que relacionem variáveis clínicas e socioeducacionais. Métodos: Estudo observacional caso-controle com 72 participantes, sendo 36 com diagnóstico de DRC (6 a 14 anos) acompanhados em ambulatório de nefropediatria de hospital universitário e 36 controles pareados de escola pública municipal. Foram aplicados a Escala Wechsler de Inteligência para Crianças – 4ª edição (WISC-IV), o Teste de Desempenho Escolar – 2ª edição (TDE-II), além de revisão de prontuários e questionário socioeconômico. Resultados:
As crianças com DRC apresentaram desempenho significativamente inferior em todos os subtestes do WISC-IV, com maiores diferenças em compreensão verbal, vocabulário, cubos e velocidade de processamento (p<0,001). O Índice de Compreensão Verbal apresentou significância entre os índices fatoriais. No TDE-II, foram observadas diferenças significativas em aritmética, leitura e escrita (p<0,001). A escolaridade do cuidador mostrou-se fator moderador positivo. Conclusão: Os achados revelam prejuízos cognitivos e escolares nessa população, presentes desde os estágios iniciais. Destaca-se a importância da inclusão de avaliações neuropsicológicas no acompanhamento clínico e da implementação de intervenções pedagógicas personalizadas, visando minimizar os efeitos da doença sobre o desenvolvimento infantil.