No processo de envelhecimento, determinantes comportamentais e parâmetros clínicos têm sido reconhecidos como fatores-chave na prevenção de problemas de saúde, entre eles o comprometimento do equilíbrio postural. Destacam-se, nesse contexto, aspectos relacionados ao estilo de vida e indicadores clínicos, como a qualidade do sono, o nível de atividade física e os indicadores nutricionais. Essa pesquisa foi dividida em dois artigos tendo como objetivos: Investigar a associação entre fatores de estilo de vida (sono, atividade física e estado nutricional) e equilíbrio em idosos atendidos na atenção primária em Santa Bárbara d’Oeste, São Paulo, Brasil e analisar a correlação entre indicadores de sono (qualidade, eficiência e sonolência) e a oscilação do COP Métodos: Estudo 1: Estudo transversal com 167 idosos avaliou fatores associados à estabilidade postural. Foram aplicados questionários sociodemográficos e realizadas avaliações clínicas. A estabilidade postural foi medida pela Escala de Equilíbrio de Berg, e os principais preditores analisados incluíram qualidade do sono, nível de atividade física, força de preensão manual e medidas antropométricas. Observou-se alta prevalência de má qualidade do sono (76 ) e baixo controle postural (23,3 ). Um estilo de vida mais saudável com melhor sono, maior atividade física, menor circunferência da cintura e maior força muscular esteve associado a melhor controle postural.. Estudo 2: transversal incluiu 99 participantes avaliados em duas Unidades de Atenção Primária à Saúde e um Centro Dia no estado de São Paulo, Brasil. A oscilação postural foi medida pelo deslocamento total (T) do COP, direções anteroposteriores (AP), mediolateral (ML) e velocidade média (VM). O sono foi avaliado por meio do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI) e da Escala de Sonolência de Epworth. Resultados do estudo 1: A regressão logística ajustada para idade mostrou que a má qualidade do sono foi associada a menores chances de bom equilíbrio (OR = 0,89; p = 0,027). Menor circunferência da cintura (OR = 0,95; p = 0,003), atividade física suficiente (OR = 2,82; p = 0,036) e maior força de preensão manual (OR = 1,09; p = 0,010) foram associados a melhor equilíbrio. Resultados do estudo 2: Com os olhos abertos, menor eficiência do sono correlacionou-se com maior deslocamento e velocidade do COP: COP-T (ρ=-0,198; p=0,05), COP-ML (ρ=-0,253; p=0,01), COP-MVT (r=-0,198; p=0,05) e COP-MVML (ρ=-0,253; p=0,01). Com os olhos fechados, essa associação persistiu apenas na direção ML: COP-ML (ρ=-0,216; p=0,03) e COP-MVML (ρ=-0,216; p=0,03). A análise de regressão revelou associações negativas entre eficiência do sono e COP-T e COP-MVT, mesmo após ajuste para idade, sexo e circunferência da cintura (p=0,013; p=0,032). Os coeficientes ajustados também foram significativos para COP-ML (p = 0,046) e COP-MVML (p = 0,046). Um aumento de 1 na eficiência do sono foi associado a reduções de 2,26 unidades em COP-T, 1,02 em COP-ML, 0,06 em COP-MVT e 0,03 em COP-MVML. Não foram encontradas associações significativas para qualidade subjetiva do sono ou sonolência diurna. Conclusões: Má qualidade do sono, indicadores nutricionais adversos e atividade física insuficiente caracterizam um estilo de vida pouco saudável, associado ao comprometimento da estabilidade postural. A adoção de um estilo de vida saudável, alimentação balanceada, prática regular de atividade física e bons hábitos de sono é essencial para a manutenção da saúde e da estabilidade postural em idosos. Esta pesquisa revelou que o equilíbrio inadequado e a oscilação do centro de pressão estão ligados a fatores comportamentais modificáveis do estilo de vida, ao sono, à atividade física e a parâmetros clínicos de saúde. Por serem passíveis de intervenção, representam alvos relevantes para iniciativas multidisciplinares no sentido de promover a autonomia funcional, prevenir quedas e favorecer o envelhecimento saudável.