O óxido nítrico (NO) pode ser formado por vias enzimáticas e não enzimáticas, e seus metabólitos — nitrito (NO₂⁻), nitrato (NO₃⁻) e espécies nitrosiladas (RXNO) — exercem funções essenciais na manutenção da homeostase endotelial, na regulação do tônus vascular e na resposta antioxidante. Apesar da relevância biológica do NO, pouco se conhece sobre a dinâmica temporal e a distribuição tecidual de seus metabólitos, especialmente sob influência de fármacos que alteram o pH gástrico, como os inibidores da bomba de prótons (IBPs). O presente trabalho teve como objetivo investigar as interações entre o nitrito de sódio e o omeprazol, avaliando seus efeitos sobre o metabolismo do NO e o equilíbrio redox. Foram conduzidos dois conjuntos de experimentos complementares. No primeiro, avaliou-se a resposta tecidual aguda e subcrônica às administrações de uma e sete doses de nitrito de sódio, examinando a distribuição e o acúmulo dos metabólitos de NO em diferentes órgãos. No segundo, investigou-se o impacto do tratamento prolongado (14 dias) com nitrito de sódio, administrado isoladamente ou em associação ao omeprazol, sobre os níveis de espécies relacionadas ao NO, parâmetros antioxidantes e marcadores de lesão hepática. Ratos machos da linhagem Sprague-Dawley foram divididos em quatro grupos experimentais (n = 6–10): Controle, Nitrito, Omeprazol e Nitrito + Omeprazol. O nitrito de sódio foi administrado por via oral (15 mg/kg/dia), enquanto o omeprazol foi aplicado por via intraperitoneal (10 mg/kg/dia), conforme o protocolo de cada etapa. As concentrações de metabólitos de NO foram quantificadas por quimioluminescência redutiva à base de ozônio (Ecomedics NOA), e as análises bioquímicas incluíram marcadores de estresse oxidativo e função hepática. Os resultados demonstraram que o acúmulo de metabólitos de NO varia de acordo com o tecido e o tempo de exposição, refletindo mecanismos distintos de captação e biotransformação do nitrito. O tratamento com nitrito de sódio promoveu aumento da capacidade antioxidante, especialmente no fígado, sugerindo efeito hepatoprotetor. No entanto, a administração concomitante de omeprazol reduziu as concentrações de espécies nitrosiladas, possivelmente devido à elevação do pH gástrico e consequente inibição de reações ácido-catalisadas, além de aumentar os níveis plasmáticos de enzimas indicativas de lesão hepática. Em conjunto, os achados desta tese indicam que o nitrito de sódio exerce efeitos benéficos sobre o balanço redox e a função hepática, enquanto o uso concomitante de omeprazol pode atenuar esses efeitos ao interferir na bioativação do nitrito. Tais resultados ampliam a compreensão sobre as interações entre nitrito e IBPs, destacando implicações relevantes para a regulação do óxido nítrico e a farmacologia do sistema gastrointestinal e hepático.