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INFECÇÕES INVASIVAS POR STREPTOCOCCUS PNEUMONIAE EM HOSPITAIS DE REFERÊNCIA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS, ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL: ESTUDO DE COORTE RETROSPECTIVO MULTICÊNTRICO


Candidato(a): Rebeca Garcia Rosa Ferreira
Orientador(a): Marcos Tadeu Nolasco Da Silva

Apresentação de Defesa

Curso: Saúde da Criança e do Adolescente
Local: Sala 5 - CIPED
Data: 09/12/2025 - 08:00
Banca avaliadora
Titulares
Marcos Tadeu Nolasco Da Silva
Suplentes

Resumo



RESUMO

Introdução: As infecções invasivas por Streptococcus pneumoniae (pneumococo) constituem-se globalmente em uma das mais importantes causas de morbimortalidade pediátrica, causando cerca de 300.000 mortes/ano em menores de 5 anos. O pneumococo é capaz de causar uma variedade de infecções clínicas, com destaque para as infecções invasivas. Neste estudo, objetivamos avaliar características de infecções invasivas pneumocócicas na população pediátrica em três hospitais de referência da região metropolitana de Campinas. Métodos: Estudo observacional de coorte retrospectivo, multicêntrico. Utilizaram- se registros do Hospital de Clínicas (HC) - Unicamp, Hospital Estadual de Sumaré (HES), Hospital Municipal de Paulínia (HMP) e Hospital PUC Campinas Celso Pierro (HPCCP). Foram selecionados casos com registro de cultura positiva para S. pneumoniae entre os anos de 2000 e 2020. Foram selecionados os pacientes de 0 a 20 anos internados nesse período. Foram pesquisados os sorotipos de cada participante a partir de banco de dados do Instituto Adolfo Lutz. Todos os prontuários disponíveis foram analisados, sendo posteriormente excluídos os pacientes com infecções não invasivas assintomáticos. Foram selecionados 145 registros de pacientes. Os dados obtidos dos prontuários foram tabulados e analisados por meio do programa SPSS versão 27.0 (IBM, EUA). Tanto a estatística descritiva como a analítica foram realizadas com o uso de instrumentos não-paramétricos, univariada e multivariada. Foram consideradas significativas diferenças com valor de “p” menor ou igual a 0,05. Resultados: A maioria dos casos de infecção pneumocócica invasiva (IPI) ocorreu em crianças menores de seis anos (77,2 ), com predomínio no primeiro ano de vida (42,1 ). Observou-se maior prevalência em pacientes brancos (66,2 ) e em municípios com alto ou muito alto IDH (84,5 ). Em relação às condições clínicas, 26,4 apresentavam baixo peso, 30,3 frequentavam creches, 55,5 declararam afiliação religiosa evangélica e 56 possuíam comorbidades, principalmente respiratórias e cardíacas. O trato respiratório foi o sítio mais acometido (64,1 ), destacando-se pneumonia (48,2 ), derrame pleural (8,3 ) e empiema (7,6 ), seguido de bacteremia (26,2 ) e meningite (17,2 ). A mortalidade global foi de 16,5 , atingindo 44 nos casos de meningite. Os sintomas mais frequentes foram febre, dispneia e tosse, sendo esta última associada a menor risco de óbito. Em contraste, vômitos e manifestações neurológicas, como irritabilidade e convulsões, estiveram associadas a maior letalidade. Entre os marcadores de gravidade, destacaram-se a necessidade de oxigenoterapia, dispositivos invasivos, ventilação mecânica, uso de drogas vasoativas, coagulopatia, coma, eventos hemorrágicos e trombóticos, todos fortemente associados ao aumento do risco de óbito. Laboratorialmente, observaram-se alterações compatíveis com resposta inflamatória sistêmica e estresse metabólico, como anemia (74,4 ), acidose (67,7 ), hiperglicemia (63,6 ), lactiacidemia (62,3 ) e neutrofilia (56,9 ). Na análise multivariada, lactiacidemia, plaquetopenia e coagulopatia permaneceram independentemente associadas à mortalidade, enquanto neutrofilia e linfocitose mostraram efeito protetor. A análise sorotípica identificou 53,8 dos casos, sendo os mais frequentes 19A, 14, 22F e 8. Notavelmente, sorotipos não contemplados pela vacina 10-valente (19A, 22F, 6A, 15A, 11A e 3) tiveram destaque, com aumento relativo do 19A após a introdução da vacinação. Não houve associação entre sorotipos e mortalidade. Quanto à resistência antimicrobiana, 5 dos isolados foram resistentes à penicilina e 2,7 à ceftriaxona, sem impacto na letalidade. Conclusão: Em concordância com a literatura, o estudo em questão evidenciou a alta morbidade e mortalidade causada pelo S. pneumoniae. Houve alta taxa de proteção conferida pela PCV-10, reforçando a vacinação como estratégia de prevenção de infecções invasivas pneumocócicas. É preciso aprimorar a vigilância sobre identificação de sorotipos para adquirir informações relevantes para tomada de decisões sobre saúde preventiva, como a introdução de vacinas conjugadas com um número maior de sorotipos no Programa Nacional de Imunização.

Palavras-chave: Infecções pneumocócicas; Vacinas pneumocócicas; Vacinas conjugadas; Criança; Adolescente; Estudos de coorte.

Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas

Correspondência:
Rua Vital Brasil, 80, Cidade Universitária, Campinas-SP, CEP: 13.083-888 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
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