Esta tese é um estudo focado na história da sexualidade e no direito constitucional à saúde de pessoas transexuais e travestis brasileiras (TT). Tomou como objetivo inicial compreender a relação entre este grupamento e o acesso à saúde, bem como apresentar um entendimento ampliado de cuidado com base nas experiências territoriais da comunidade trans-travesti local. A partir da categoria nomeada como corpo da especialidade, debruçou-se sobre a histórica marginalização e patologização das identidades trans e travestis desde o século XIX até os dias atuais, destacando a influência da epistemologia dos degenerados e da legitimação das classificações médicas e psiquiátricas como códigos de reconhecibilidade da diferença de sexo-gênero em nosso tempo. Esta investigação foi realizada através da pesquisa interferência e da genealogia, fez uso da técnica de diário de campo, grupos de discussão e levantamentos documentais, bem como pela execução de uma cartilha em saúde, intitulada “Caminhos Nada Suaves” que objetivou qualificar o atendimento das pessoas transexuais e travestis na rede de saúde municipal. Tomando como marcador inicial a cidade de Campinas, este estudo visou contribuir para a qualificação das políticas públicas em saúde e na formação de profissionais da linha de frente, propondo estratégias de melhorias no atendimento e oferta de cuidado às pessoas transgêneras em território nacional.