O presente trabalho fez parte do projeto de pesquisa de implementação de um serviço público de psicanálise e matriciamento para adolescentes e mulheres em situação de exposição à violência, residentes no distrito sanitário Norte de Campinas/SP. Os objetivos da pesquisa são analisar a proposta de dispositivo psicoterapêutico grupal em 8 sessões para o atendimento a adolescentes e mulheres expostos à violência; e compreender a relevância do dispositivo de supervisão na formação dos terapeutas responsáveis pelos atendimentos em grupos breves de escuta psicanalítica no referido serviço. O trabalho descreve o enquadre psicoterapêutico; analisa a contribuição do metaenquadre institucional de escuta psicanalítica em grupos para realizar elaborações de experiências de exposição à violência e investiga o dispositivo supervisão como espaço para a capacitação dos terapeutas dos grupos terapêuticos em 8 sessões, discutindo possíveis reverberações da violência sobre as equipes e os profissionais. Trata-se de uma pesquisa de natureza clínico-qualitativa. Oferecemos supervisão semanal ao grupo de terapeutas durante quatro ciclos de grupos terapêuticos breves. Após cada uma das supervisões, foram realizadas anotações em diário de campo. Alguns meses após o término do quarto ciclo, um entrevistador externo foi treinado para realizar entrevistas em profundidade com os terapeutas sobre a experiência de participar semanalmente do grupo de supervisão. Em seguida foram analisados os principais emergentes do diário de campo e das entrevistas. Verificou-se que os grupos terapêuticos precipitaram integrações e elaborações a partir de vinculações internas e externas ao sujeito, que retomaram condições de associatividade dos fragmentos traumáticos oriundos da experiência de exposição à violência. O dispositivo supervisão, aliado ao suporte do metaenquadre institucional em camadas de cuidado e pautado no fortalecimento dos vínculos rede, contribuíram para a sustentação da escuta psicanalítica grupal breve ao fenômeno da violência.