RESUMO
O câncer de bexiga não-músculo invasivo (CBNMI) constitui a maioria dos casos diagnosticados de câncer vesical e representa um desafio terapêutico frente às elevadas taxas de recidiva e progressão. A imunoterapia intravesical com Bacillus Calmette-Guérin (BCG) é o padrão terapêutico adjuvante para tumores de alto risco; contudo, falhas terapêuticas e eventos adversos relevantes são frequentes. A fotobiomodulação (FBM), baseada na ação de vias inflamatórias e oxidativas por luz de comprimento específico de 660nm, emerge como estratégia promissora na modulação do microambiente tumoral e resposta imune. Os objetivos do presente estudo avaliam o potencial terapêutico da FBM no tratamento do CBNMI em modelo murino, bem como investiga os mecanismos imunológicos e moleculares das vias de sinalização TLRs e resposta inflamatória tumoral. Os animais foram submetidos à indução do CBNMI com N-etil-N-nitrosoureia (ENU) em cinco grupos de 7 animais por grupo: Controle, Câncer, BCG, FBM e BCG+FBM. A imunoterapia foi administrada com BCG intravesical por 6 semanas consecutivas, assim como, a FBM foi aplicada com luz vermelha na região suprapúbica, com ou sem associação ao BCG. Após o tratamento, foram realizadas análises histopatológica e imunohistoquímica dos marcadores TLR2, TLR4, MyD88, NF-κB (p65), IRF-3 e IFN-γ. A estatística envolveu ANOVA, testes pós-hoc e análise digital de intensidade e proporção de imunorreatividade. A análise histopatológica da FBM isolada foi eficaz na redução da progressão tumoral com regressão significativa das lesões neoplásicas com padrão compatível a tumores de menor agressividade comparada ao grupo controle do câncer. A associação BCG+FBM potencializou a imunorreatividade, semelhante ao grupo BCG. Na imunohistoquímica, a FBM foi capaz de modular com menor magnitude a expressão de TLR4, preservando a função de MyD88 e ativando IFN-γ. A razão MyD88/NF-κB (p65) no grupo FBM foi correlacionada com resposta terapêutica, enquanto que a combinação BCG+FBM mostrou antagonismo terapêutico. Esta dissociação entre ativação imune e benefício terapêutico sugere que a modulação imune seletiva otimiza a eficácia antitumoral. Estes resultados evidenciam o potencial da FBM como ferramenta eficaz, segura e não invasiva para o manejo do CBNMI, com aplicabilidade em contextos de refratariedade ao BCG ou escassez do imunoterápico.