I SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO NA SAÚDE - 2023



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A PRESENÇA INDÍGENA NO CURSO DE MEDICINA: ACOLHIMENTO DOS ESTUDANTES E CONSTRUÇÃO DE SABEDORIA



AUTORES: Giovana Daghia Pacheco, Branda de Oliveira de Lima, Fernanda Garanhani de Castro Surita, Fábio Hüsemann Menezes, Kellen Natalice Vilharda, Paulo Afonso Martins Abati, Camila Delmondes Dias, Nelson Filice de Barros,

PALAVRA-CHAVE: Acolhimento; Permanência; Indígena




RESUMO

QUAL PROBLEMA FOI ABORDADO?
O curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp oferece vagas para estudantes indígenas desde 2022, no momento, ingressaram 2 alunos em 2022 e outros 2 em 2023. Diante disso, foi criado um grupo de trabalho (GT) para acompanhar a chegada desses estudantes e produzir materiais informativos para docentes e discentes, valendo-se dessa oportunidade para incutir discussões sobre temas voltados aos povos indígenas. Posteriormente, o GT tornou-se a Comissão de Recepção e Permanência dos Estudantes Indígenas. O grupo deparou-se com o desafio de: como fazer com que os primeiros momentos de recepção fossem acolhedores aos ingressantes e sensibilizassem a comunidade acadêmica à importância da pauta indígena.

O QUE FOI TENTADO?
Em 19 de agosto de 2022, a FCM, junto ao Projeto Ayuri-Fapesp, aos Acadêmicos Indígenas da Unicamp e ao Laboratório de Práticas Alternativas, Complementares e Integrativas em Saúde (Lapacis), realizou como evento comemorativo à chegada dos estudantes o plantio do Cedro Rosa, uma árvore sagrada aos Guarani Kaiowá, uma entidade espiritual que traz paz ao espírito e cura doenças por meio de suas folhas e casca. Em 10 de março de 2023, a recepção foi integrada ao lançamento da Trilha de Sustentabilidade - organizada pela Escola de Educação Corporativa (Educorp), pela Comissão Assessora de Mudança Ecológica e Justiça Ambiental (Cameja) e pela Diretoria Executiva de Planejamento Integrado (Depi) da Unicamp -, na qual Airton Krenak palestrou no auditório da FCM, seguido da apresentação de obras de 3 artistas de diferentes origens indígenas, também estudantes da Unicamp. Os quadros foram intitulados: “Ancestralidade e Sabedoria”, “Harmonia das Medicinas” e “Mulher Guerreira”. Respectivamente, as artes trazem reflexões sobre a transmissão de conhecimento, sendo a maloca o lugar e a representação da sabedoria passada de geração a geração e a ancestralidade, uma forma de ciência; a junção do grafismo indígena e do bastão de Asclépio simbolizando a intersecção das medicinas; e a inspiração na força da mulher indígena, homenageando-a com elementos ritualísticos de formação das mulheres Ticuna.

QUE LIÇÕES FORAM APRENDIDAS?
Diante de tais eventos, rituais e artes, o significado do Cedro Rosa representa um marco vivo, presente fisicamente em nossa faculdade e com potencial de crescer, estabelecer raízes e recuperar ancestralidade. Já os quadros tem a função de ocupar espaços visíveis na faculdade, a fim de mostrar aos estudantes indígenas que eles também pertencem a este lugar e podem se expressar. Em paralelo, a Comissão inseriu no percurso formativo dos estudantes indígenas precedente à graduação a disciplina de bioética, de forma que os estudantes já tenham contato com o curso e participem de discussões relacionadas à diversidade e presença indígena na universidade, à identidade e cultura e à saúde das populações indígenas. Dessa forma, colocamos em prática dimensões importantes de pertencimento, por meio de símbolos, da arte, da reflexão e da interação, reforçando que a construção de conhecimento é dinâmico e recíproco, sendo uma via de mão dupla entre estudantes e Universidade. Almeja-se que as epistemologias indígenas sejam bem-vindas e enraizadas, como as raízes do Cedro Rosa, por meio da recepção e acolhimento das pessoas, as quais representam a diversidade.


REFERÊNCIAS: Comissão de recepção de alunos indígenas da FCM convida para evento com Ailton Krenak. Disponível em: . Acesso em: 18 abr. 2023. Recepção dos acadêmicos indígenas da FCM é marcada por palestra de Ailton Krenak e entrega de quadros. Disponível em: . Acesso em: 18 abr. 2023. Plantio de cedro rosa na FCM. Recepção dos acadêmicos indígenas do Curso de Medicina. Disponível em: . Acesso em: 18 abr. 2023.

AGRADECIMENTOS: Agradecimentos a todos os demais envolvidos com o trabalho da Comissão, destacando Ronny Roberto Padilha, Daniele Sacardo, Marcela Torres Pankararu, Edison Bueno, Francisco Hideo Aoki e Maria Ângela Reis de Goes M. Antonio. Aos artistas e estudantes indígenas que contribuíram com sua arte para os quadros presentes na FCM, John Alexandre Dias Restrepo (conhecido como Abé), Osvaldo Garcia Cardoso (conhecido como Piratapuia) e Quirino Pinto Lucas (conhecido como Lucas Ticuna). E com grande estima, aos estudantes indígenas Breno Katokinn, Halley Cruz, Aurelia Alves Potiguara e Yanauê Fulni-ô.



ESTE TRABALHO FOI APROVADO PELO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA (CEP)? Não se aplica


EIXO TEMÁTICO: EIXO 3 - Ensino interprofissional e ações de inclusão