XXXI CoMAU - 2022


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CEFALEIA ASSOCIADA À DIÁLISE: PREVALÊNCIA E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS EM PACIENTES EM HEMODIÁLISE E APÓS TRANSPLANTE RENAL

Autores: Bruno Teixeira Gomes, Alberto Luiz Cunha da Costa, Marilda Mazzali,



RESUMO

Introdução: Cefaleia é um sintoma comum em pacientes que recebem hemodiálise, ocorrendo em até 70%. A cefaleia da diálise é definida pela Classificação Internacional das Cefaleias (ICHD-3) como uma cefaleia sem características específicas, ocorrendo durante e causada pela hemodiálise, e que desaparece espontaneamente dentro de 72 horas após o término da sessão. Não há consenso sobre a sua fisiopatologia ou seus fatores desencadeantes. Objetivo: Avaliar prevalência, características clínicas e fatores associados à cefaleia da diálise em pacientes com doença renal crônica em terapia renal substitutiva. Método: Estudo transversal observacional com abordagem quantitativa. Os participantes foram divididos em dois grupos: (1) 25 pacientes em hemodiálise e (2) 25 pacientes no pós-transplante renal precoce. Todos foram entrevistados com um questionário estruturado, a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão, e a Escala de Sonolência de Epworth. Foram avaliados pressão arterial, peso, ureia, glicose e eletrólitos antes e depois de uma sessão de hemodiálise. Os grupos controles foram classificados a partir dos pacientes sem cefaleia de cada grupo. Resultados: No grupo (1), 8 pacientes (32%) foram diagnosticados com cefaleia da diálise, predominantemente pulsátil (n=6, 75%), acompanhada de fotofobia (n=6, 75%), fonofobia (n=4, 50%) e náusea ou vômito (n=6, 75%), com escore médio de dor de 7,75 ± 1,58. Os indivíduos com cefaleia tiveram maiores escores de ansiedade (7,00 ± 3,93 vs. 3,82 ± 3,23, p=0,03) e de sonolência (9,13 ± 3,94 vs. 4,76 ± 3,85, p=0,01). A cefaleia da diálise foi associada a menores valores de cálcio sérico pré-diálise (p=0,01) e a maiores valores de pressão arterial sistólica (p=0,02) e diastólica (p=0,02) pré-diálise. Não houve correlação entre a cefaleia e variações dos níveis séricos de ureia. No grupo (2), 5 pacientes (20%) foram diagnosticados com cefaleia da diálise. A cefaleia é predominantemente pulsátil (n=4, 80%), acompanhada de náusea ou vômito (n=4, 80%), agravada por atividade física rotineira (n=3, 60%), com escore médio de dor de 8 ± 1,41. Os indivíduos com cefaleia tiveram maior escore de sonolência (9,20 ± 4,32 vs. 4,80 ± 4,51, p=0,029) e menor idade (38,93 ± 14,43 vs. 54,02 ± 8,31, p=0,03). Discussão: O tratamento sintomático da cefaleia da diálise é dificultado pela ausência de etiologia claramente demonstrada e não há na literatura estudos terapêuticos incluindo uma grande amostra desse grupo de pacientes. Como sua etiologia pode ser múltipla, é recomendado um tratamento personalizado. Alguns tratamentos relatados para cefaleia da diálise incluem amitriptilina, inibidores da enzima conversora de angiotensina, clorpromazina, reposição de magnésio, toxina botulínica tipo A e diálise regular. A identificação e o tratamento de distúrbios do sono e de transtornos de humor parecem ser importantes para sua fisiopatologia e podem auxiliar no manejo terapêutico desta cefaleia. Da mesma forma, é possível que a cefaleia da diálise seja prevenida pelo rastreio de hipertensão arterial e do nível sérico de cálcio antes da sessão de hemodiálise. Conclusão: Cefaleia é comum entre pacientes que recebem hemodiálise, possui características semelhantes à migrânea e está associada a maior ansiedade, maior sonolência, menores valores de cálcio e maiores níveis de pressão arterial pré-diálise. O conhecimento dos fatores associados ao desenvolvimento da cefaleia da diálise permite avaliar possíveis estratégias preventivas e terapêuticas desta cefaleia, de modo a melhorar a qualidade de vida dos pacientes em hemodiálise.



PALAVRA-CHAVE: Cefaleia, Hemodiálise, Doença Renal Crônica, Ansiedade, Sonolência




  Apresentação



ÁREA: Clínica Médica

NÍVEL: Estudo original de natureza quantitativa ou qualitativa




XXXII CoMAU - 2023

29, 30 de Setembro e 01 de Outubro de 2023
FCM/Unicamp


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