XXXI CoMAU - 2022


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AVALIAÇÃO DA REATIVAÇÃO DE HEPATITES B E C EM PACIENTES COM LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA EM TRATAMENTO COM INIBIDORES DE TIROSINOQUINASE

Autores: Katia Borgia Barbosa Pagnano, Nathalia Sena de Oliveira Silva,



RESUMO

Introdução: A leucemia mieloide crônica (LMC) é uma neoplasia mieloproliferativa caracterizada pela presença do cromossomo Philadelphia (Ph) resultante da translocação entre os braços longos do cromossomo 9 e 22 que provoca a justaposição dos genes ABL e BCR. Este fenômeno produz uma proteína quimérica BCR-ABL com atividade constitutiva de tirosinoquinase aumentada, o que intensifica a proliferação celular e inibe a apoptose. O tratamento de primeira linha estabelecido para a LMC, a partir dos anos 2000, é a terapia alvo-dirigida através dos inibidores de tirosinoquinase (ITQ). Esses medicamentos, no entanto, podem suprimir o sistema imunológico e permitir a reativação de hepatites virais B e C, as quais podem provocar disfunções hepáticas agudas, podendo levar ao óbito. Justificativas: O estudo da reativação de hepatites virais induzida por ITQ é relevante tendo em vista o aumento da prevalência da LMC no Brasil e a ausência de dados brasileiros sobre a frequência de reativação na população com LMC em tratamento com ITQ. Este conhecimento contribuirá para o estabelecimento de terapias preventivas de complicações hepáticas e para evitar interrupções no tratamento, que podem levar à progressão da doença. Objetivos: O presente estudo visa avaliar a frequência de hepatites B e C na população com LMC ao diagnóstico e a frequência da reativação dessas hepatites virais durante o tratamento com ITQ. Metodologia: Foram incluídos no estudo pacientes com LMC em acompanhamento médico no Hemocentro da Unicamp desde 2000, maiores de idade no momento da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), em tratamento atual ou prévio com ITQ. Foi feita uma análise retrospectiva dos dados clínicos e laboratoriais através dos prontuários médicos para investigar a prevalência das hepatites virais ao diagnóstico da LMC e a possível reativação durante o tratamento. Considera-se reativação o desenvolvimento de hepatite com alanina aminotransferase (ALT) superior a três vezes o limite superior do normal ou um aumento absoluto de 100 UI/L, associado a um aumento demonstrável de DNA-VHB em pelo menos 10 vezes; pacientes com HBsAg-positivos e pacientes com HBsAg-negativos com positividade do anticorpo anti-HBcAg e/ou positividade para o anticorpo anti-HBsAg. Além disso, foi feita uma avaliação prospectiva do status sorológico atual de pacientes com LMC em tratamento com ITQ há pelo menos 5 anos. Nesses casos, foram coletados 2 tubos secos de 20 ml de sangue periférico durante as consultas de rotina médica de cada paciente para realização de sorologia através do ensaio imunoenzimático (ELISA). Diante da identificação de novos casos de hepatite ou de risco aumentado para reativação, os pacientes eram encaminhados ao ambulatório de Moléstias Infecciosas do HC da Unicamp para tratamento e acompanhamento em conjunto. Resultados: foram avaliados 253 pacientes, 222 (87.7%) estavam em fase crônica da doença ao diagnóstico, 235 (93.6%) receberam imatinibe como tratamento de primeira linha e 77 (30.4%) apresentaram hepatotoxicidade, relacionada predominantemente ao uso de ITQ ou à reativação de hepatite B. Foi feita a avaliação do status sorológico da hepatite B em 230 (90.9%) pacientes e da hepatite C em 219 (86.6%) pacientes. Foram identificados 17 (6.7%) casos anti-HBsAg e anti-HBcAg reagentes, o que indica aquisição de imunidade natural após resolução da infecção pelo VHB. Foram constatados 2 (0.8%) casos de hepatite B crônica ativa ao diagnóstico da LMC, com reatividade dos marcadores HbsAg, anti-HbcAg e anti-HbeAg, para os quais foi feito tratamento com antiviral. Identificaram-se 3 (1.2%) casos anti-HbcAg reagentes e anti-HbsAg/HbsAg não reagentes ao diagnóstico da LMC, o que indica exposição prévia ao VHB e possível indicação de profilaxia. Por fim, tem-se um caso de reativação de hepatite B induzida por imatinibe, com soroconversão do HBsAg. Nenhum caso foi anti-HCV positivo. Discussão: a prevalência de HBV parece ser semelhante à da população normal e casos de HCV não foram identificados. O uso de ITQ representa um risco aumentado para reativação de HBV e a presença de anti-HbsAg pode não ser protetora contra esse fenômeno. Conclusões: uma vez que a reativação da hepatite viral pode ocorrer durante o tratamento com ITQ, a investigação ao diagnóstico da LMC é mandatória para detectar portadores crônicos ou infecção ativa. Dessa forma, é possível tratar precocemente para prevenir a reativação e evitar interrupções no tratamento da LMC.



PALAVRA-CHAVE: LMC, imatinibe, hepatite viral, reativação.




  Apresentação



ÁREA: Clínica Médica

NÍVEL: Estudo original de natureza quantitativa ou qualitativa

FINANCIAMENTO: CNPq




XXXII CoMAU - 2023

29, 30 de Setembro e 01 de Outubro de 2023
FCM/Unicamp


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