Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp completa 60 anos em 20 de maio de 2023. A instituição, que agrega os cursos de graduação em Medicina e Fonoaudiologia, além de cursos de pós-graduação, especialização e residência médica, reúne 3.269 alunos matriculados; 223 servidores não-docentes e 285 docentes ao todo, segundo dados do anuário estatístico 2022 da Aeplan/Unicamp. O diretor da FCM, professor Cláudio Coy, e o diretor-associado, professor Erich de Paula, falaram sobre o momento atual da instituição, seus desafios e perspectivas futuras.

Médicos e fonoaudiólogos no SUS e saúde suplementar

Os diretores discorreram sobre as qualidades dos profissionais formados pela FCM. “O médico e o fonoaudiólogo formado na FCM é o generalista, que pode atuar no SUS, em unidades básicas de saúde (UBS), prontos-socorros, e também no mercado privado, com qualidade, preceitos éticos e boa conduta. Valorizamos bastante essa formação humanista”, afirma Coy. Erich destaca a importância da aprendizagem continuada do egresso, baseada em formação ética e humana muito sólida. "É um desafio que sempre estaremos perseguindo”.

Pesquisa, ensino, extensão e assistência em Saúde

O diretor da faculdade destaca as principais pautas no ensino, visando manter a qualidade em todos os níveis. “A última reforma do currículo de Medicina foi feita há mais dez anos. Estamos fazendo agora a adequação da estrutura que nós temos às necessidades do mercado, diretrizes do MEC e do que entendemos ser necessário na formação. A maioria dos médicos egressos, em geral, não consegue ter acesso aos programas residência. Por isso, temos que dar uma formação mais completa o possível”. Coy lembra, ainda, que a graduação em Fonoaudiologia fez alteração de seu catálogo de graduação em 2020. Ele acrescenta a boa avaliação da CAPES dada aos cursos de pós-graduação, bem como a relevância dos programas de Residência Médica e Multiprofissional para a complementação do ensino. “Esses programas são muito importantes para especialistas que vão atuar nos serviços públicos ou privados”, diz.

Coy enfatiza também os pontos fortes encontrados na área da pesquisa. “Somos sede de dois Cepids (Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão, da Fapesp), que têm impacto muito grande e trazem recursos para a FCM. Os laboratórios, de maneira geral, também são bastante produtivos”. O diretor destaca, ainda, a pesquisa desenvolvida na pós-graduação. Com relação aos desafios, ressalta a importância de “manter pesquisa de alta qualidade no momento em que os fomentos estão cada vez mais difíceis e estimular ingresso de mais docentes na pesquisa”. Erich realça o diferencial da pesquisa desenvolvida na FCM. “Instituições sem capacidade de fazer pesquisa têm entrado de forma agressiva no mercado. Sendo a aprendizagem contínua uma competência básica do médico e fonoaudiólogo, pessoas que geram conhecimento por meio da pesquisa ocasionam aumento da capacidade de ensinar a ter uma visão crítica, transformando o conhecimento em ações”.

Com relação à extensão, os diretores destacam o papel de levar à sociedade o que é produzido na universidade. “Há atividades de extensão muito relevantes, sendo uma das mais visíveis a da Vila Paula, na qual alunos de Medicina e Fonoaudiologia prestam assistência aos moradores”, disse Coy, lembrando que há uma demanda para que seja feita a “curricularização da extensão”, ou seja, que essas atividades constem na grade de ensino, facilitando a inserção dos alunos e atendendo às diretrizes curriculares. O professor Erich lembra que “o SUS tem, na sua essência, a expectativa de que também seja campo de ensino e cenário onde se realiza pesquisa. O ensino, pesquisa e extensão são atividades naturais dos cursos na área da saúde. A gente valoriza e faz isso muito bem”.

Vagas afirmativas

Os diretores enxergam como positivas a inserção de vagas afirmativas, como étnico-racial, vestibular indígena e ProFIS, para ingresso nos cursos da FCM. “O grande benefício para a universidade é o aumento da diversidade de talentos que chegam até nós. A questão das cotas tem uma série justificativas, históricas, sociais, e são todas muito importantes". Para Coy, as vagas afirmativas “mudaram totalmente a cara da faculdade para melhor. São favoráveis e têm impacto muito grande na sociedade. É uma política acertada da Unicamp. Recebemos dois alunos indígenas para o curso de Medicina, em agosto do ano passado. Eles iniciarão o ano letivo em 2023 e isso é um fato muito importante para a nossa instituição”.

Diretor da FCM, Cláudio Coy, e diretor-associado da unidade, Erich de Paula. Foto: Camila Delmondes/ARPI
Diretor da FCM, Cláudio Coy, e diretor-associado da unidade, Erich de Paula. Foto: Camila Delmondes/ARPI

Internacionalização

Outro ponto levantado foi a internacionalização da faculdade nos últimos anos. “Temos uma importante inserção internacional, com vários docentes em cooperação com instituições no exterior”, afirma Coy. Segundo o diretor, a Reitoria tem dado ênfase para que o estabelecimento desses convênios, tanto para elaboração de pesquisas em conjunto, quanto para integração de alunos e professores. Recentemente, foi feito acordo de cooperação com Universidade de Birmingham, Inglaterra, com trabalhos destacados com pesquisadores brasileiros, e Cardiff, no País de Gales. “Essas instituições têm muito interesse em áreas como cardiologia, neurologia, saúde básica e da família. Temos disponibilizado o contato dos pesquisadores para fortalecer essas atividades, que nos trazem muita produtividade”, declara o diretor.

Projetos em andamento

Um dos projetos em andamento na faculdade é a construção do Centro de Estudos, que irá agregar a biblioteca, além de espaços comuns e individuais, atendendo melhor as demandas estudantis. “A biblioteca atual fica próxima ao Hospital de Clínicas. Depois que a faculdade veio para cima, e também em função do acesso pela internet, passou a ser menos utilizada. As atividades desenvolvidas pela biblioteca são importantes, e vão muito além de disponibilizar o livro na estante: é um local de convívio, estudos e treinamentos”, declara o diretor, lembrando que o projeto do novo prédio (que ficará em frente ao prédio principal da FCM), foi feito por alunos de Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, na gestão do professor Luiz Carlos Zeferino.

Outra dificuldade apontada pelo diretor é a inserção dos alunos na rede pública de saúde, dificultando a atuação e supervisão adequada. “Com auxílio do ex-professor da FCM e atual secretário municipal de Saúde, Lair Zambon, a faculdade está formalizando convênio com a Prefeitura para atuação dos estudantes nas UBSs. Além disso, deverá ser construída uma UBS voltada ao ensino em terreno da Prefeitura para esse fim na Avenida José Bonifácio, próximo ao shopping Iguatemi. Estamos fazendo projeto arquitetônico, para que a Prefeitura de Campinas execute a UBS, muito bem estruturada, numa área de 1500m²”, diz Coy.

Entre as melhores do Brasil

Os diretores fizeram avaliação a respeito do reconhecimento da instituição. “Se consideramos os rankings, a FCM está entre as melhores faculdades de Medicina; o curso de Fonoaudiologia também é muito bem avaliado. A Unicamp como um todo é muito bem vista no cenário nacional e internacional e está efetivamente preocupada com a formação de pessoas com alta qualificação”, afirma Coy. O diretor também atribui a qualidade das atividades ao nível do corpo docente, bem como a alta qualificação dos ingressantes nos cursos de Medicina e Programas de Residência, altamente concorridos. “É uma faculdade forte, que gera interesse e procura das pessoas. Isso naturalmente traz os melhores alunos para cá. Em contrapartida, exige comprometimento da instituição em atingir seus objetivos com cada vez mais qualidade”, diz Coy. Para Erich, “a alta concorrência é consequência de um passado de reconhecimento de uma instituição de grande qualidade”.

À frente da diretoria

Ambos os diretores reconhecem sua posição à frente da gestão (2022-2026) durante as comemorações do jubileu de diamante da FCM. “Estar na condição de diretor da faculdade por si só é um privilégio. Essa data, em especial, faz a gente refletir sobre o papel da FCM ao longo desses 60 anos na formação de médicos e fonoaudiólogos, pós-graduandos e residentes. Começou como uma unidade modesta, com instalações improvisadas, depois foi para Santa Casa e, posteriormente, veio para o campus na Cidade Universitária”, disse Coy. “É uma grande responsabilidade, considerando todo histórico e pessoas importantes que construíram a FCM antes de eu chegar aqui. É um momento muito solene que precisa ser celebrado da maneira correta, reconhecendo toda a história e potencial futuro. É, ao mesmo tempo, uma responsabilidade e um privilégio”, disse Erich.

Programação

Por fim, o professor Coy lembra as atividades comemorativas dos 60 anos da FCM. “Haverá uma série de atividades na faculdadeO jantar comemorativo em maio abrirá oficialmente as celebrações. Vamos realizar também eventos relacionados à formação docente, colação de grau dos dois cursos, 50 anos da 6ª turma de Medicina, 50 anos do Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação (Cepre), além de eventos que discutirão aspectos relevantes: papel das fundações de apoio para os cursos de Medicina públicos estaduais e financiamento da área da saúde; e fórum amplo para discussão sobre o impacto do ensino na Medicina no país”, diz.

Parceiros, patrocinadores e contrapartida social

No contexto de realização do Jantar de Celebração de 60 anos, a FCM conta com o apoio da Associação de Ex-Alunos e Amigos da FCM (Alumni), Fundação da Área da Saúde de Campinas (Fascamp) e patrocínio da Unimed Campinas. Parte dos valores arrecadados com a venda dos convites será revertida em apoio ao projeto de formação e extensão universitária, coordenado pela faculdade, no Projeto da Vila Paula, em Campinas. Pessoas físicas e jurídicas interessadas em apoiar e patrocinar a programação anual de comemoração dos 60 anos da FCM devem entrar em contato com a Assessoria de Relações Públicas e Imprensa, através do e-mail: rpfcm@unicamp.br