Aconteceu na manhã de sexta-feira (29), na sala da Congregação da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, o descerramento do quadro com a foto do médico e pesquisador Mario José Abdalla Saad – diretor da faculdade por duas gestões – de 1998 a 2002 e de 2010 a 2014. O descerramento do quadro é uma tradição dentro da faculdade, que mantém uma galeria de retratos no saguão de acesso à diretoria da FCM.
“Essa é uma cerimônia histórica marcante na vida institucional de um docente. A faculdade reconhece suas atividades no ensino e na área administrativa. É preciso fôlego, ousadia e dedicação para desempenhar essas funções. A FCM mostra uma evolução histórica marcante que ajuda a Unicamp a crescer e ser a universidade que é, com o compromisso social que tem”, disse a pró-reitora de desenvolvimento universitário da Unicamp, Teresa Dib Zambon Atvars, representando o reitor da Unicamp José Tadeu Jorge.
A cerimônia foi conduzida pelo diretor-associado FCM, Roberto Teixeira Mendes, que destacou a dedicação incansável de Saad nos dois mandatos, com destaque para a implantação de laboratórios de pesquisa e aprovação de um portfólio para avaliação docente. Luis Sérgio Leonardi, diretor da FCM de 1980 a 1984, revelou que a grande paixão de Saad é dar aulas para os alunos de medicina e médicos-residentes nos primeiros anos.
Maria Isabel Pedreira de Freitas, diretora da Faculdade de Enfermagem da Unicamp, destacou em sua fala que uma das características de Saad é “dar oportunidade para quem quer crescer tanto na pesquisa quanto na vida universitária, sempre mantendo o bom humor”. O médico Joaquim Bustorff, chefe do Departamento de Cirurgia da FCM durante a segunda gestão de Saad, ressaltou que uma das características de Saad é a capacidade de negociação. “Poucas vezes saímos de uma reunião com alguém insatisfeito”, revelou.
A lista de pessoas que homenagearam Saad foi longa, entre elas a vice-diretora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp, Célia Garlipp; o médico Rogério Antunes Pereira Filho, diretor associado na primeira gestão de Saad; o diretor do Gastrocentro Claudio Saddy Coy e o ex-diretor do Hospital Estadual de Sumaré (HES), Lair Zambon. “O apoio e a autonomia que Mario nos deu durante a implantação do HES foi impressionante”, comentou Zambon.
Em seu discurso de agradecimento, Saad disse que quando um docente assina um contrato com a Universidade a responsabilidade é grande. “Você não é treinado para fazer administração. Mas é uma obrigação acadêmica e um aprendizado que reverte para a instituição”, disse.
Ele agradeceu a todos que trabalham em suas duas gestões – professores, funcionários, médicos, residentes – e lançou um desafio às três universidades públicas paulistas (Unicamp, USP e Unesp) e ao Governo Federal lançar um programa em conjunto: para cada vaga em escolas médicas de baixa qualidade que o Governo Federal fechar, propõe Saad, as Estaduais abririam uma nova vaga, com ações afirmativas para receber também estudantes de outros Estados.
“Há 30 anos as três universidades públicas paulistas não formam nem 500 médicos por ano. Precisamos de um movimento articulado para criar uma carreira para que os médicos qualificados, com pós-graduação, tenham um reconhecimento de docentes. Com isso, aumentaríamos muito o número de docentes, mas pagos pelo Estado e não pela Unicamp; e se conseguirmos mais hospitais, poderíamos aumentar muito as vagas em medicina, ou criar novas escolas médicas nas Universidades públicas paulistas. Precisamos de mais médicos, mas de qualidade. Nosso futuro é crescer e servir melhor a sociedade. Temos recursos humanos para isso”, disse Saad.