Mirando pessoas com deficiência, músico cria violão que pode ser tocado com uma só mão

BBC Brasil

Qualquer pessoa que conheça um violão sabe que são necessárias as duas mãos para tocá-lo, uma para pressionar as cordas, fazendo o acorde, e outra para dedilhá-las, produzindo os sons. Por isso, essa característica geralmente exclui dessa arte as pessoas com paralisia cerebral ou sem uma mão.

Pensando nesse público, o músico pernambucano Reinaldo Amorim Casteluzzo desenvolveu e patenteou um violão que pode ser tocado com uma mão só. Depois de desenvolver o violão terapêutico, Casteluzzo resolveu testá-lo numa pesquisa para seu mestrado na Faculdade de Ciências Médicas (FCM), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sob orientação do pediatra Roberto Teixeira Mendes, ele avaliou o uso do instrumento por 14 adolescentes, de 7 a 21 anos, com paralisia cerebral (PC), da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), do município de Arthur Nogueira (SP), todos atendidos pelo Hospital das Clínicas da Unicamp.

"A facilidade de tocar e a aceitação desse trabalho poderão se tornar aliados importantes na melhora da saúde. O violão adaptado ainda é algo novo e se faz necessário ter mais pesquisas com amostras maiores de participantes."

Reinaldo, hoje atuando na área terapêutica, conta que agora será preciso elaborar todas as etapas do procedimento para fabricar o violão em grande escala, construir o instrumento a um menor custo, que hoje é de R$ 2 mil, e colocá-lo no mercado, porque já tem muitos pedidos.

"Já vendemos mais de 50, mesmo com o preço ainda alto", conta. "Também vamos oferecê-lo a centros de reabilitação ou às pessoas que trabalhem na área. Essa é uma apenas uma retribuição que damos no sentido de incluir essas pessoas, pois elas podem fazer muito mais do que pensamos."