Covid-19: um mês depois, Campinas ainda tem "quadro inicial"

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Para a professora da FCM (Faculdade de Ciências Médicas) da Unicamp e membro da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), Raquel Silveira Bello Stucchi, a análise dos dados deve ser feita com cuidado, porque provavelmente as quedas no gráfico são de dias em que não houve liberação de exames. "Não foram todos os dias que tivemos liberação de exames. Não é que não teve nada, mas teve dia que não teve a divulgação de resultados", disse.

Ela disse ainda que mesmo com os números oficiais, o que vemos é que uma porcentagem maior de jovens, mas ainda são dados preliminares. "Temos, segundo os dados, mais de 1 mil exames esperando para ter resultado. Tanto de suspeitos e um tanto destes será de óbitos".

A fotografia que estamos vendo, disse Raquel, é um esboço de um quadro muito inicial. "Pode ser que reflita o que vai ser. O vírus pode ter um comportamento diferente. Com apenas três meses de conhecimento da doença. Mas estávamos esperando o mesmo comportamento do hemisfério norte. Mas com estes dados, não podemos ter ainda uma conclusão", explicou.

Para a professora, o que se pode dizer é que Campinas parou antes as aulas e universidades, o que favorece a cidade. "Então, estamos 'atrasados'. Você diminui a circulação de pessoas. Isso colabora, mesmo tendo um número represado de exames", disse.

Ela afirmou ainda que gostaria de ser otimista, mas que o conhecimento da doença mostra que isso não ocorrerá. "Podemos ter um cenário mais otimista se conseguirmos convencer, por bem ou mal, que as pessoas têm que ficar em casa. A disseminação e velocidade dos casos é nossa responsabilidade. Temos que lavar as mãos e se for preciso sair de casa, com máscara e álcool em gel. É um mantra, de todos nós", afirmou.