FCM inaugura o Centro de Pesquisa Clínica

A diretoria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp inaugurou na manhã desta terça-feira (10) o prédio do Centro de Pesquisa Clínica (CPC). O CPC foi criado em 2009, após convite para integrar-se à Rede Nacional de Pesquisa Clínica (RNPC). O prédio do CPC tem dois andares e área total construída de 965,85 m2. O investimento total é de 2 milhões de reais com recursos da Finep para a construção do prédio e compra de equipamentos, como compra de mobiliário, câmara frigorífica, gerador à diesel, capela, ar condicionado, mobiliário hospitalar e administrativo, computadores, entre outros. Veja matéria sobre a construção do CPC.

O CPC visa promover o desenvolvimento e a integração da pesquisa clínica da área da saúde da Unicamp e estabelecer diretrizes e políticas relativas à realização de pesquisas clínicas. Além disso, o CPC atuará como facilitador das pesquisas clínicas ao proporcionar infraestrutura adequada ao desenvolvimento de todas as etapas de estudos clínicos e epidemiológicos.

“Sonhei com esse prédio por seis anos e alguns sonhos ainda devem ser perseguidos. Certamente, durante quatro ou cinco anos, investimentos serão necessários até que ele se torne autossuficiente. Não vejo o CPC como um mero prestador de serviços, mas como uma pedra angular na formação em ciências biológicas, medicina, enfermagem, farmácia, bioquímica, estatística, engenharia biomédica entre outras”, disse o médico Heitor Moreno, primeiro coordenador do CPC.

De acordo com Andrei Sposito, atual coordenador do Centro de Pesquisa Clínica, a inauguração do prédio tem a ver com o amadurecimento científico do País. O Brasil participa de pesquisas multicêntricas há muitos anos. Os primeiros estudos brasileiros de trombose são da década de 1970. De alguns anos para cá, reforça Andrei, a medicina baseada em evidência passou a ser o cerne da tomada de decisões e instrumento da qualidade de assistência do paciente.

“No mundo são investidos 18 bilhões de dólares por ano para estudos de medicina baseada em evidência. Com o CPC, não só poderemos assumir a liderança em criar evidências, como também ter uma nova fonte de captação de recursos e formar profissionais em pesquisa clínica”, explicou.

Para a conclusão do prédio foram necessárias três gestões administrativas. O projeto começou na gestão da professora Lilian Teresa Lavras Costallat, percorreu a gestão do professor José Antonio Rocha Gontijo e finalizou-se na atual gestão do professor Mario José Abdalla Saad. Na opinião do diretor da FCM, os entraves burocráticos para se construir uma obra no serviço público são de tamanha ordem que, praticamente, inviabiliza-o. Só sendo muito persistente.

“Se quisermos ajudar o País, temos que cuidar bem dos recursos públicos, mas não pode ser essa burocracia que estamos vivendo hoje. É quase impossível que um prédio como esse, que começou a ser planejado em 2008, ser entregue só agora. A velocidade da pesquisa no mundo não espera a nossa burocracia”, disse Saad.

Atenta a essa demanda, a pró-reitora de Pesquisa da Unicamp, Glaucia Pastore, concorda que 10 anos é muito tempo para construção de um prédio e que algumas obras, dentro do campus, sofrem revezes por causa disso. Glaucia aproveitou a inauguração do CPC para dizer que, em novembro, acontecerá um congresso dos pró-reitores de pesquisa e pós-graduação e essa questão será tratada com o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU).

“Na concepção desse centro, talvez, consigamos estabelecer protocolos de ação para produtos que não são fármacos, como por exemplo o alho usado para baixar a pressão. Isso é um desafio para toda a Unicamp. A inauguração do CPC é um gol incrível que a FCM está fazendo hoje”, disse Glaucia.

O pró-reitor de Graduação da Unicamp, Luis Alberto Magna, disse que a Universidade tem condições de trabalhar em projetos de alta relevância para a sociedade. “Podemos elaborar ações conjuntas para incentivar os alunos de graduação a desenvolver parte do ensino no CPC”, disse Magna.

A pró-reitora de Desenvolvimento Universitário da Unicamp, Teresa Dib Zambon Atvars, disse que a Universidade não se acomoda diante das crises e desafios. A inauguração do CPC representa, para Atvars, um espaço de integração para tratar a pesquisa clínica sob a perspectiva da inovação, além de explicitar o compromisso da Unicamp com a sociedade.

“A construção de um centro como esse tem um reflexo externo, ao mostrar nosso compromisso com o público, com o público que não tem outra assistência que não seja a assistência pública, gratuita e de qualidade”, disse Atvars.