FCM cria comunidade para pesquisa regional e internacional em Práticas Integrativas Complementares

“Realizamos um censo nas 250 unidades de Atenção Básica de Saúde dos 20 municípios da macrorregião de Campinas que oferecem Práticas Integrativas Complementares (PICs) como yoga, meditação, massagem, acupuntura, uso de fitoterápicos entre outros. Agora, vamos investigar qual a formação dos profissionais que atuam nessas unidades e acompanhar grupos de pacientes com diabetes e hipertensão que fazem e não fazem uso de PICs, além de mostrar o custo-efetividade para o tratamento. A ideia é regionalizar os dados e fortalecer os municípios que adotam as PICs, integrando-os. Essa é uma pequena revolução que poderá ser extendida a outras regiões do país”, disse Nelson Filice de Barros, coordenador do Laboratório de Práticas Alternativas e Complementares em Saúde (Lapacis) da FCM da Unicamp durante lançamento da “Comunidade de Práticas Integrativas e Complementares na Região Metropolitana de Campinas” ocorrido na tarde de terça-feira (4) na FCM.

Participaram do evento representantes da coordenação nacional da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, da Secretaria Estadual de Saúde,  da Câmara de Saúde da região metropolitana de Campinas, do Grupo Temático de Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas e Complementares da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e do Centro Australiano de Pesquisa em Medicina Complementar e Integrativa, além de representantes da FCM, do Governo Federal e das Secretarias de Saúde da região metropolitana de Campinas.

De acordo com Luciana Alves Pereira, coordenadora geral de Áreas Técnicas do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde, as PICs representam um outro olhar possível para o cuidado integral do paciente, um dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). “Essas práticas têm o reconhecimento do governo federal como política nacional de saúde e vieram para ficar. Temos que melhorar o apoio à pesquisa e ampliar os serviços para outros municípios”, disse Luciana.

Na opinião da coordenadora da pós-graduação da FCM e representante da Abrasco Rosana Tereza Onocko Campos, a temática das práticas integrativas melhora a assistência e propicia a integração da diversidade cultural e crenças da população. “As pessoas estão buscando uma medicina mais holística que represente um sentido de vida”, disse Rosana. O diretor associado da FCM Roberto Teixeira Mendes disse que a Universidade é o lugar onde se estabelece o diálogo do conjunto de saberes e que, depois, é apropriado pela sociedade. “Essa temática é difícil de ser tratada numa faculdade que tem como linha mestra a medicina científica-instrumental, mas vamos apoiar iniciativas que melhorem a saúde pública e coletiva”, disse Teixeira.

Todas as informações e contatos para integrar a “Comunidade de Práticas Integrativas e Complementares na Região Metropolitana de Campinas” estará disponível em no site do Lapacis.

Pesquisas entre Brasil e Austrália em PICs

Jon Adams e David Sibbritt, pesquisadores em Medicina Alternativa Complementar (MAC) da Universidade de Sidney, realizam um workshop na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp na segunda-feira (3) sobre as Práticas Integrativas e Complementares na Australásia. “Nós temos experiências únicas em Práticas Alternativas Complementares e eles também. Vamos ver o que da experiência deles pode ser útil para a nossa realidade. É uma transferência de tecnologia. Isso pode tornar o nosso grupo pesquisa mais forte. Outro ponto é identificar projetos conjuntos entre as duas instituições”, disse o sociólogo Nelson Filice de Barros, responsável pelo Lapacis, durante a abertura do evento que contou com a participação de representantes de Natal, Piauí, Jundiaí, Campinas e Espanha.

“Não por acaso, a sociologia e a antropologia são ciências que se interessam mais pelas Práticas Integrativas Complementares – yoga, homeopatia, massagem, farmácias populares – por serem práticas colocadas à margem da sociedade, mas elas ocupam lugares políticos específicos tanto no Brasil como na Austrália. As PICs têm resultados muito práticos para cuidadores, gestores e pacientes. A metodologia e os resultados de diversas fontes são importantes para quem pesquisa as PICs”, disse Jon.

Na tarde de terça-feira, Nelson Filice de Barros e Jon Adams assinaram um memorando de cooperação internacional em pesquisas na área de PICs. A cerimônia de assinatura contou com a participação de Luis Augusto Barbosa Cortez, vice-reitor executivo de Relações Internacionais da Unicamp e Luciana Alves Pereira, coordenadora geral de Áreas Técnicas do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde.