XIII Semana de Pesquisa - 2022


Voltar a lista dos aprovados


A polineuropatia diabética está relacionada com a doença da artéria carótida em indivíduos com diabetes tipo 2

Autores: Natália Chicani Zorzeto , Joaquim Barreto, Andrei Carvalho Sposito


Link: https://youtu.be/dvCLGCyEugM


RESUMO

INTRODUÇÃO: A polineuropatia sensorial-motora diabética (DSPN) é impulsionada pela lesão axonal, que é principalmente mediada pela ativação de receptores para produtos finais da glicação avançada (RAGE). As RAGE são também expressas na camada endotelial, onde intensifica a progressão da aterosclerose. A partir disso, possivelmente a DSPN pode ser considerada um marcador substituto da doença cardiovascular aterosclerótica entre indivíduos T2D.

OBJETIVOS: Procuramos investigar se a DSPN está relacionada com o risco de doença cardiovascular aterosclerótica em indivíduos com T2D.

MÉTODOS: Esta foi uma análise pré-especificada do conjunto de dados do Estudo da Diabetes Brasileira. Os indivíduos T2D foram rastreados para DSPN utilizando o Michigan Neuropathy Screening Instrument (MNSI), que foi considerado alterado em todos os participantes com 4 ou mais pontos em um questionário de 15 perguntas, ou naqueles que obtiveram 2 pontos em exame específico ao pé. O ultrassom doppler da carótida foi realizado para medição da espessura intima-média (C-IMT), e a doença carotídea (DAC) foi considerada para todos com C-IMT superior ao percentil 75 validado para a nossa população pelo Estudo ELSA-Brasil. A relação entre DAC e DP foi estimada por regressão logística binária, ajustada pelas covariáveis: idade, sexo, A1c, LDL-C, hipertensão, e doença cardiovascular prévia.

RESULTADOS: Entre 324 indivíduos (idade: 58+7,1 anos; 85% hipertenso; duração T2D: 9+6 anos; 58,6% masculino; HbA1c: 7,8+1,6%), 134 (41,4%) tinham DSPN e 220 (67,9%) tinham DAC. Em comparação com o não-DSPN, o grupo DSPN tinha uma prevalência mais elevada de DAC (61,1% vs 77,5%; p = 0,002) e valores mais elevados de C-IMT (0,71+0,16mm vs 0,78+0,19mm; p < 0,001). O DSPN estava relacionado com um risco DAC, com um OR de 2,21 (IC 95%: 1,34, 3,64; p = 0,002), que se manteve significativo após realizado ajuste por idade e sexo (OR: 2,31; IC 95%: 1,28, 3,53; p = 0,003), e quando realizado ajuste adicional por A1c, LDL-C, hipertensão e DVC prévia (OR: 3,38; IC 95%: 1,46, 7,81; p = 0,004).

CONCLUSÃO: Em indivíduos T2D, a DSPN está independentemente relacionada com a DAC. Os prestadores de cuidados da saúde devem assim considerar o rastreio de DSPN como uma ferramenta potencial ao avaliar indivíduos com maior risco de eventos cardiovasculares.


BIBLIOGRAFIA: 1. Song P, Fang Z, Wang H, et al. Global and regional prevalence, burden, and risk factors for carotid atherosclerosis: a systematic review, meta-analysis, and modelling study. Lancet Glob Health 2020;8(5):e721-e729. (In eng). DOI: 10.1016/S2214-109X(20)30117-0. 2. Brownrigg JR, Hughes CO, Burleigh D, et al. Microvascular disease and risk of cardiovascular events among individuals with type 2 diabetes: a population-level cohort study. Lancet Diabetes Endocrinol 2016;4(7):588-97. (In eng). DOI: 10.1016/S2213-8587(16)30057-2. 3. Vagi OE, Svebis MM, Domjan BA, et al. Association of Cardiovascular Autonomic Neuropathy and Distal Symmetric Polyneuropathy with All-Cause Mortality: A Retrospective Cohort Study. J Diabetes Res 2021;2021:6662159. DOI: 10.1155/2021/6662159. 4. Ziegler D, Papanas N, Vinik AI, Shaw JE. Epidemiology of polyneuropathy in diabetes and prediabetes. Handb Clin Neurol 2014;126:3-22. DOI: 10.1016/B978-0-444-53480-4.00001-1. 5. Bonhof GJ, Herder C, Strom A, Papanas N, Roden M, Ziegler D. Emerging Biomarkers, Tools, and Treatments for Diabetic Polyneuropathy. Endocr Rev 2019;40(1):153-192. DOI: 10.1210/er.2018-00107. 6. Ziegler D, Papanas N, Schnell O, et al. Current concepts in the management of diabetic polyneuropathy. J Diabetes Investig 2021;12(4):464-475. DOI: 10.1111/jdi.13401. 7. Volmer-Thole M, Lobmann R. Neuropathy and Diabetic Foot Syndrome. Int J Mol Sci 2016;17(6). DOI: 10.3390/ijms17060917. 8. Herman WH, Pop-Busui R, Braffett BH, et al. Use of the Michigan Neuropathy Screening Instrument as a measure of distal symmetrical peripheral neuropathy in Type 1 diabetes: results from the Diabetes Control and Complications Trial/Epidemiology of Diabetes Interventions and Complications. Diabet Med 2012;29(7):937-44. (In eng). DOI: 10.1111/j.1464-5491.2012.03644.x. 9. Sartor CD, Oliveira MD, Campos V, Ferreira J, Sacco ICN. Cross-cultural adaptation and measurement properties of the Brazilian Version of the Michigan Neuropathy Screening Instrument. Braz J Phys Ther 2018;22(3):222-230. DOI: 10.1016/j.bjpt.2017.10.004. 10. Barbosa JH, Oliveira SL, Seara LT. [The role of advanced glycation end-products (AGEs) in the development of vascular diabetic complications]. Arq Bras Endocrinol Metabol 2008;52(6):940-50. DOI: 10.1590/s0004-27302008000600005. 11. Bucciarelli LG, Wendt T, Qu W, et al. RAGE blockade stabilizes established atherosclerosis in diabetic apolipoprotein E-null mice. Circulation 2002;106(22):2827-35. (In eng). DOI: 10.1161/01.cir.0000039325.03698.36. 12. Burg MB, Kador PF. Sorbitol, osmoregulation, and the complications of diabetes. J Clin Invest 1988;81(3):635-40. DOI: 10.1172/JCI113366. 13. de Carvalho MH, Colaco AL, Fortes ZB. [Cytokines, endothelial dysfunction, and insulin resistance]. Arq Bras Endocrinol Metabol 2006;50(2):304-12. DOI: 10.1590/s0004-27302006000200016. 14. Wang CC, Gurevich I, Draznin B. Insulin affects vascular smooth muscle cell phenotype and migration via distinct signaling pathways. Diabetes 2003;52(10):2562-9. (In eng). DOI: 10.2337/diabetes.52.10.2562. 15. Stavniichuk R, Drel VR, Shevalye H, et al. Role of 12/15-lipoxygenase in nitrosative stress and peripheral prediabetic and diabetic neuropathies. Free Radic Biol Med 2010;49(6):1036-45. DOI: 10.1016/j.freeradbiomed.2010.06.016.



PALAVRA-CHAVE: POLINEUROPATIA , DOENÇA CARDIOVASCULAR , ESTRESSE OXIDATIVO.



ÁREA: Clínica Médica

NÍVEL: Graduação



Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas
Correspondência:
Rua Tessália Vieira de Camargo, 126. Cidade Universitária Zeferino Vaz. CEP 13083-887 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" CEP: 13083-894. Campinas, SP, Brasil.

Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Núcleo de Tecnologia da Informação - FCM