XIII Semana de Pesquisa - 2022


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Busca por variantes no gene DHX37 em pacientes com Disgenesia Gonadal Parcial 46, XY e Síndrome de Regressão Testicular

Autores: Felipe Rodrigues de Oliveira , Gil Guerra Junior , Helena Fabbri-Scallet, Gil Guerra-Júnior, Taís Nitsch Mazzola


Link: https://youtu.be/-b46ZwRD68A


RESUMO

INTRODUÇÃO: As condições que apresentam desenvolvimento genital e/ou gonadal incompleto ou desordenado levando a uma discordância entre o sexo genético, gonadal e fenotípico do indivíduo afetado são classificadas como Distúrbios da Diferenciação do Sexo (DDS) [1]. Entre os DDS 46,XY, a disgenesia gonadal (DG) consiste de um conjunto de anormalidades em indivíduos que apresentam gônadas disgenéticas por falhas em genes envolvidos no processo de desenvolvimento gonadal embrionário. Até o momento, os genes que apresentam uma maior frequência de mutações associados ao quadro de DG 46,XY, são o SRY, o NR5A1 e o MAP3K1, entretanto, juntos, eles explicam apenas cerca de 40% dos casos [2]. Recentemente, três grupos de pesquisa independentes identificaram variações patogênicas no gene DHX37 o qual não havia sido associado anteriormente a nenhuma forma de DDS e o relacionaram à disgenesia gonadal parcial (DGP) e à Síndrome da Regressão Testicular (SRT). A enzima DHX37 é expressa nos fibroblastos, nas células endoteliais e epiteliais do epidídimo e nos testículos fetais e adultos, especialmente nas células de Leydig. Apenas onze variantes foram descritas no gene DHX37 em uma frequência relativamente alta em pacientes com DG 46,XY e SRT, sugerindo uma forte relação com DDS.

OBJETIVOS: O objetivo deste trabalho é realizar uma triagem molecular do gene DHX37 em uma casuística de 20 pacientes com DGP 46,XY e SRT, estimando a frequência de variantes patogênicas neste gene entre os casos estudados, estabelecendo uma possível relação fenótipo-genótipo.

MÉTODOS: Foram desenhados primers específicos para os 27 éxons do gene DHX37. Os fragmentos de interesse foram amplificados pela técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) e purificados em gel de agarose com o kit Wizard SV Gel and PCR Clean-UP System (Promega). As amostras foram quantificadas pelo aparelho Nanodrop 8000 – Multi Sample Micro-Volume UV-Vis e sequenciadas, usando o do kit BigDyeT Terminator Cycle Sequencing Kit V3.1 Ready Reaction e lidas no sequenciador ABI3500xL genetic analyzer (Applied Biosystems®). As sequências obtidas foram analisadas e comparadas com as sequências de referência do gene DHX37 (NM_032656.4) contida no site www.esembl.org, com o auxílio dos programas Chromas v. 2.6 e CLC Sequence Viewer 8.

RESULTADOS: Até o momento, cinco pacientes foram triados e três variantes na região codificante do gene foram identificadas. No primeiro paciente, a variante c.63G>A foi identificada em heterozigose no éxon 1, levando a troca sinônima p.Ser21=, que de acordo com a classificação do AGMD Guidelines [3] foi considerada como “provavelmente benigna”. No segundo paciente, outras duas variantes foram identificadas, a primeira delas foi a c.288G>A identificada em heterozigose no éxon 3, levando a troca missense p.Met96Ile, e segunda, a troca c.2793A>G em homozigose no éxon 21, resultando na substituição sinônima p.Ala931=. De acordo com a classificação do AGMD, ambas são classificadas como “provavelmente benigna”.

CONCLUSÃO: As três alterações ainda são de significado incerto, uma vez que os artigos referentes à associação do gene DHX37 com o quadro de DDS 46,XY não as tenham descrito e nenhum estudo funcional tenha sido realizado para avaliar o impacto funcional na proteína formada. Entretanto, todos os casos tratam de variantes pouco frequentes na população. De cinco pacientes analisados, já foram identificadas três variantes, sendo que duas delas estão no mesmo indivíduo. Mesmo que os sites de predição considerem a variante p.Met96Ile como benigna, é válido ressaltar que esta ela está associada a uma outra variante sinônima (p.Ala931=) e talvez as duas juntas possam estar influenciando no fenótipo do paciente. Com esses resultados, é possível perceber que vale a pena investir no estudo molecular do gene DHX37, e uma vez que ainda temos mais 15 casos a serem analisados, a nossa chance de identificar variantes de potencial interesse são grandes, podendo assim associá-las com os respectivos fenótipos dos pacientes.


BIBLIOGRAFIA: [1] Lee PA, Houk CP, Ahmed SF, Hughes IA: Consensus Statement on Management of Intersex Disorders. Pediatrics 118:e488 e500 (2006). [2] Bashamboo A, McElreavey K: The role of next generation sequencing in understanding male and female sexual development: clinical implications. Expert Rev Endocrinol Metab 11:433 443 (2016). [3] RICHARDS S, AZIZ N, BALE S, et al.: Stardards and guidelines for the interpretation of sequence variants a joint consensus recommendation of the American College of Medical Genetics and Genomics and the Association for Molecular Pathology. Genetics in Medicine (2015).



PALAVRA-CHAVE: Diferenciação sexual, Disgenesia Gonadal, DHX37



ÁREA: Clínica Médica

NÍVEL: Graduação

FINANCIAMENTO: FAPESP



Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas
Correspondência:
Rua Tessália Vieira de Camargo, 126. Cidade Universitária Zeferino Vaz. CEP 13083-887 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" CEP: 13083-894. Campinas, SP, Brasil.

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