XIII Semana de Pesquisa - 2022


Voltar a lista dos aprovados


CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA INICIAL DE PACIENTES SUBMETIDOS A TÉCNICA DO BYPASS GÁSTRICO DE ANASTOMOSE ÚNICA

Autores: Ana Paula Silva Ferreira , Alice Mory Rossato , Bárbara Mamede Silva Machado, Elinton Adami Chaim , Everton Cazzo , Felipe David Mendonça Chaim, Fernanda Rodrigues Araújo, Júlia Cantú Ferreira


Link: https://youtu.be/vu6w1ThxnaA


RESUMO

INTRODUÇÃO: A obesidade é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o excesso de gordura corporal, em quantidade capaz de gerar malefícios à saúde do indivíduo (1). Nesse âmbito, o quadro da obesidade é estabelecido quando o IMC do paciente é superior a 30 Kg/m2. Tendo em vista a relevância da obesidade, discute-se seu tratamento, que inclui duas possibilidades: clínica ou cirúrgica. A crítica substancial que acompanha o tratamento clínico consiste na dificuldade crescente na perda e na manutenção do peso a longo prazo (2). Atualmente, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, baseado na RESOLUÇÃO Nº 2.131, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2015, as cirurgias aprovadas mais realizadas no país são o bypass gástrico em Y de Roux, a gastrectomia vertical e o duodenal switch (3). O bypass gástrico com desvio intestinal em Y de Roux é a técnica mais realizada no Brasil, compreendendo, aproximadamente, 75% das cirurgias bariátricas (3). Nesse sentido, a técnica do bypass gástrico consiste em um procedimento misto (4,5,6). Apesar de sua eficácia, diversas complicações cirúrgicas podem ocorrer, como: fístula na linha de grampeamento, sangramento gástrico e intestinal, estenose na anastomose e obstrução intestinal, dentre outras. Isso sintetiza o grau de complexidade da execução correta da técnica, exigindo uma experiência prévia do cirurgião (7). Tendo em vista as dificuldades múltiplas impostas pelo by-pass gástrico em Y de Roux, em 1997 Robert Rutledge propôs uma nova técnica cirúrgica denominada Bypass Gástrico com Anastomose Única (One Anastomosis Gastric Bypass - OAGB) (8). O objetivo desse novo procedimento seria simplificar o já consolidado bypass, reduzindo tempo operatório e níveis de complicação. Diante disso, a técnica pode ser realizada por via laparoscópica, com o posicionamento de cinco trocárteres, que promovem a princípio, a criação de uma bolsa gástrica longa e estreita, com capacidade para 50 a 150 mL. Posteriormente é realizada a anastomose única gastroenteral latero-lateral, conectando a bolsa gástrica ao jejuno, distando, geralmente, 200 cm do ângulo de Treitz (8). O OAGB apresenta resultados semelhantes, por vezes, superiores ao bypass, mas traz consigo algumas críticas. O principal obstáculo consiste na possibilidade de refluxo biliar para a bolsa gástrica, evento que possui potencial carcinogênico a longo prazo (9,10,11,12). Ademais, uma adversidade adicional ao OAGB baseia-se nas possíveis alterações nutricionais do paciente submetido à cirurgia. Dentre as queixas mais recorrentes no pós-operatório encontram-se vômitos e quadros de diarreia (13,14). Esses dois componentes, além das dificuldades alimentares do paciente, podem conduzir a um quadro de desnutrição (15,16). Em 2009, a ASPEN – American Society for Parenteral and Enteral Nutrition – buscou implementar uma padronização na avaliação de desnutrição, conforme os seguintes pontos: ingestão suficiente de energia; perda de peso, perda de massa muscular; perda de gordura subcutânea; e acúmulo de fluido. Além disso, exames laboratoriais também foram analisados (17,18,19,20). Em suma, frente à ineficiência do tratamento clínico da obesidade, da complexidade técnica da cirurgia de gastroplastia em Y de Roux, e dos potenciais resultados da técnica no OAGB, faz-se necessário mais estudos quanto aos benefícios e malefícios dessa nova técnica, a fim de respaldar mudanças no manejo cirúrgico dos pacientes obesos candidatos à cirurgia bariátrica (21). É válido destacar, ainda, que a técnica do OAGB é realizada no Brasil apenas em âmbito de pesquisa, sem dispor de estudos na população brasileira. Trata-se de uma técnica e de resultados inéditos no Brasil.

OBJETIVOS: Caracterização bioquímica de 60 pacientes submetidos a cirurgia bariátrica pela técnica do Bypass Gástrico de Anastomose Única. Verificação dos valores séricos de: albumina, creatinina, vitamina B12, hemoglobina, ferro, ferritina, glicose, hemoglobina glicosada e zinco.

MÉTODOS: Estudo retrospectivo realizado no Ambulatório de Obesidade do HC Unicamp. Projeto previamente avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos, com parecer n. 1.957.057/Unicamp (CAAE: 61556216.2.0000.5404). Serão avaliados de forma retrospectiva todos prontuários eletrônicos de pacientes submetidos a cirurgia bariátrica com a técnica do OAGB no serviço, entre os anos de 2017 e 2019, com casuística estimada em 60 pacientes.

RESULTADOS: As principais alterações nutricionais encontradas até o presente momento do estudo são: no pré-operatório, 20,8% de pacientes com aumento de vitamina B12, enquanto 25% e 22,5% com déficit de ferro e ferritina, respectivamente; 71,7% com carência de zinco. No pós-operatório precoce, 19,6% apresentavam vitamina B12 elevada, porém, a deficiência de ferro e ferritina era de 27,45% e de 20%. O zinco esteve alterado em 67,3% dos pacientes. Por fim, no pós-operatório tardio, os resultados mantiveram-se semelhantes ao precoce. Para os cálculos, a casuística de cada parâmetro variou de acordo com a disponibilidade dos exames, com uma média de 43 pacientes, e uma mediana de 42,57 pacientes. Média de idade de 37,4 anos.

CONCLUSÃO: A técnica cirúrgica do Bypass Gástrico de Anastomose Única é eficiente, porém necessita de adequado seguimento pós-operatório devido potenciais deficiências de vitaminas e oligoelementos.


BIBLIOGRAFIA: 1. Organization WH. Obesity. Available from: https://www.who.int/health-topics/obesity#tab=tab_1. 2. Cannon, C.P., Kumar, A. Treatment of overweight and obesity: Lifestyle, pharmacologic, and surgical options. Clin Cornerstone. 2009; 9(4):55-68. 3. Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. (n.d.). Cirurgia Bariátrica – Técnicas Cirúrgicas. Retrieved December 21, 2021, from https://www.sbcbm.org.br/tecnicas-cirurgicas-bariatrica/ 4. Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. (2020, Março 2). Cirurgia bariátrica: Melhora nas doenças associadas à obesidade. 5. Sjostrom, C.D. Surgery as an intervention for obesity. Results from the Swedish obese subjects study. Growth Horm IGF Res. 2003;13 Suppl A:S22-6. 6. MacDonald, K.G; Long, S.D; Swanson, M.S. The gastric bypass operation reduces the progression and mortality of non-insulin- dependent diabetes mellitus. J Gastrointest Surg.1997;1:213-20. 7. Palermo, M., Acquafresca, P. A., Rogula, T., Duza, G. E., & Serra, E. (2015). Late surgical complications after gastric by-pass: a literature review. In Arquivos brasileiros de cirurgia digestiva : ABCD = Brazilian archives of digestive surgery (Vol. 28, Issue 2, pp. 139–143). https://doi.org/10.1590/S0102-67202015000200014 8. Rutledge, R., Kular, K., & Manchanda, N. (2019). The Mini-Gastric Bypass original technique. International Journal of Surgery, 61, 38–41. https://doi.org/10.1016/j.ijsu.2018.10.042 9. Carbajo MA, Fong-Hirales A, Luque-de-León E, Molina-Lopez JF, Ortiz-de-Solórzano J. Weight loss and improvement of lipid profiles in morbidly obese patients after laparoscopic one-anastomosis gastric bypass: 2-year follow-up. Surgical Endoscopy. 2017;31(1):416-21. 10. Chaim EA, Ramos AC, Cazzo E. MINI-GASTRIC BYPASS: DESCRIPTION OF THE TECHNIQUE AND PRELIMINARY RESULTS. Arq Bras Cir Dig. 2017;30(4):264-6. 11. Cazzo, E; Jimenez, L.S; Valerini, F; Diniz, T.B.F; Ramos, A.C; Chaim, E.A. Weight Loss and Vomiting 1 Year After Banded Versus Non-banded One Anastomosis Gastric Bypass: a Prospective Randomized Trial. Obesity Surgery, 30, 2020, 1719-1725. 12. Cazzo E, Valerini FG, Chaim FHM, Soares PFC, Ramos AC, Chaim EA. Early weight loss outcomes and glucose metabolism parameters after banded versus non-banded one anastomosis gastric bypass: a prospective randomized trial. Arq gastroenterol 2019. 13. Park HJ, Hong SS, Hwang J, Hur KY. Mini-gastric bypass to control morbid obesity and diabetes mellitus: what radiologists need to know. Korean J Radiol. 2015 Mar-Apr;16(2):325-33 14. Zarshenas, N., Tapsell, L. C., Batterham, M., Neale, E. P., & Talbot, M. L. (2021). Changes in Anthropometric Measures, Nutritional Indices and Gastrointestinal Symptoms Following One Anastomosis Gastric Bypass (OAGB) Compared with Roux-en-y Gastric Bypass (RYGB). Obesity Surgery, 31(6), 2619–2631. https://doi.org/10.1007/s11695-021-05284-2 15. Ferreira, A. P. S., Araújo, F. R., Cazzo, E., Chaim, E. A., & Chaim, F. D. M. (2022). ONE ANASTOMOSIS GASTRIC BYPASS (OAGB): NOVA TÉCNICA CIRÚRGICA PARA O TRATAMENTO DA OBESIDADE MÓRBIDA. In Open Science Research (pp. 802–811). Editora Científica Digital. https://doi.org/10.37885/211207056 16. Araújo, F. R., Ferreira, A. P. S., Cazzo, E., Chaim, F. D. M., & Chaim, E. A. (2022). ONE ANASTOMOSIS GASTRIC BYPASS (OAGB): PREVALÊNCIA DE REFLUXO ALCALINO E DISCUSSÃO DE SEU POTENCIAL EFEITO CARCINOGÊNICO. In Open Science Research (pp. 812–822). Editora Científica Digital. https://doi.org/10.37885/211207070 17. J. M. Chevallier GAA, M. Guenzi, C. Rau, M. Bruzzi, N. Beaupel, et al. Consensus Statement: Academy of Nutrition and Dietetics and American Society for Parenteral and Enteral Nutrition: Characteristics Recommended for the Identification and Documentation of Adult Malnutrition (Undernutrition). Journal of Parenteral and Enteral Nutrition. 2012;Volume 36 Number 3. 18. Bal BS, Finelli FC, Shope TR, Koch TR. Nutritional deficiencies after bariatric surgery. Nat Rev Endocrinol. 2012;8(9):544-56. 19. Jia, D., Tan, H., Faramand, A., & Fang, F. (2020). One Anastomosis Gastric Bypass Versus Roux-en-Y Gastric Bypass for Obesity: a Systematic Review and Meta-Analysis of Randomized Clinical Trials. Obesity Surgery, 30(4), 1211–1218. https://doi.org/10.1007/s11695-019-04288-3 20. Wang, F. G., Yu, Z. P., Yan, W. M., Yan, M., & Song, M. M. (2017). Comparison of safety and effectiveness between laparoscopic mini-gastric bypass and laparoscopic sleeve gastrectomy: A meta-analysis and systematic review. In Medicine (United States) (Vol. 96, Issue 50). Lippincott Williams and Wilkins. https://doi.org/10.1097/MD.0000000000008924 21. Kaniel, O., Szold, A., Sakran, N., Kessler, Y., Langer, P., Ben-Porat, T., Moran-Gilad, J., & Sherf-Dagan, S. (2021). The rise of one anastomosis gastric bypass: insights from surgeons and dietitians. Updates in Surgery, 73(2), 649–656. https://doi.org/10.1007/s13304-020-00805-7



PALAVRA-CHAVE: Obesidade; Cirurgia Bariátrica; Bypass Gástrico; OAGB



ÁREA: Cirurgia

NÍVEL: Graduação



Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas
Correspondência:
Rua Tessália Vieira de Camargo, 126. Cidade Universitária Zeferino Vaz. CEP 13083-887 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" CEP: 13083-894. Campinas, SP, Brasil.

Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Núcleo de Tecnologia da Informação - FCM