XIII Semana de Pesquisa - 2022


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Gestar e nascer prematuramente: associação entre gestação na adolescência e parto pré-termo em uma série histórica de 30 anos de nascimentos no CAISM.

Autores: Vanderlei Alves da Silva Junior, Rodolfo de Carvalho Pacagnella, João Luiz Pinto e Silva


Link: https://youtu.be/Hk1BdgToelU


RESUMO

INTRODUÇÃO: A gravidez na adolescência atinge mais de 16 milhões de meninas no mundo anualmente, sendo as complicações da gravidez a principal causa de morte nessa faixa etária. A maior mortalidade das adolescentes em relação às gravidezes de não adolescentes se dá, dentre outros motivos, pela maior incidência de complicações na gestação do primeiro grupo. Além disso, há evidências de que esse problema afeta principalmente adolescentes de países mais pobres, sendo muito relevante a nível de saúde pública no Brasil. Uma das graves complicações que podem acontecer nesse contexto é o nascimento prematuro. A prematuridade, nascimento antes de 37 semanas de gestação, é a principal causa de mortalidade infantil no brasil e importante fator associado à morbidade neonatal. E sendo a adolescência um fator de risco para o nascimento prematuro, é importante avaliar como ocorre o desfecho neonatal com relação à prematuridade associado às faixas de idade materna entre gestantes adolescentes para que se possam construir ações em saúde pública com objetivo de reduzir as consequências dessas duas condições.

OBJETIVOS: avaliar associação entre faixas de idade materna e nascimento prematuro nos últimos 30 anos de registros de nascimento no Hospital Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti (CAISM).

MÉTODOS: Foi realizada uma coorte histórica com dados de gestantes menores de 20 anos que tiveram parto no CAISM no período de janeiro de 1986 a dezembro de 2016. Foram estudadas variáveis sociodemográficas e a idade gestacional (IG) estimada pelo método de Capurro ao nascimento, sendo analisadas em 3 períodos diferentes: 1986/1995, 1996/2005 e 2006/2016. Os dados foram fornecidos pelo setor de informática do CAISM e posteriormente foi realizada a análise estatística por regressão logística múltipla, adotando um nível de significância de 5% para o erro tipo I. Os dados são apresentados em Odds Ratio (OR) e respectivos intervalos de confiança 95%. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com seres humanos da Unicamp sob número CAAE 66589517.4.0000.5404, parecer 2033507 em 26/04/2017.

RESULTADOS: Foram avaliados os dados de todas as gestantes adolescentes que tiveram parto no CAISM de janeiro de 1986 a dezembro de 2016, que tinham dados de idade materna e informações de nascimento, de forma que obtivemos uma amostra de 14177 gestantes de um universo de 16836 casos. Em todo o período analisado, 11,44% das gestações de adolescentes tiveram uma idade gestacional, pelo método de Capurro, menor que 37 semanas. De maneira geral, a imaturidade biológica e a idade materna mais precoce associaram-se a um risco maior de prematuridade. Para a idade materna, a faixa de 15 a 17 anos teve um OR de 1,9 para parto pré-termo <37 semanas (IC95% 1,49-2,48); a faixa menor de 15 anos apresentou um risco menor, de cerca de 1,19 para nascimento pré-termo <37 semanas e 1,3 para nascimento <34 semanas. Na avaliação temporal, a idade materna de 15 a 17 anos continuou sendo de maior risco no período de 1986 a 1995, com OR de 1,49 para partos <34 semanas, enquanto as adolescentes <15 anos apresentaram OR de 1,75 para nascimentos <37 semanas. A partir de 1996, quanto menor idade materna maior o risco de nascimento pré-termo: a faixa <15 anos apresentou OR de 2,05 tanto para nascimentos <34 semanas como para os <37 semanas e, após 2005, <15 anos teve razão de 2,32 para parto <34 semanas e de 1,87 para <37 semanas. Quanto à imaturidade biológica, as adolescentes com idade ginecológica <2 anos apresentaram OR de 1,64 para parto <34 semanas (IC95% 1,02-2,64). Na avaliação por períodos, a partir de 1986 já é observado maior risco nesse grupo, com risco de 1,64 para partos <34 semanas; no intervalo de 1996 a 2005, o risco apresentado foi ainda mais elevado: 4,66 para nascimentos pré-termos <34 semanas e 2,23 para nascimentos <37 semanas.

CONCLUSÃO: Tanto a idade materna mais precoce quanto a imaturidade sexual estiveram associadas a maior risco de nascimento prematuro em uma amostra de adolescentes que tiveram parto nos últimos 30 anos no CAISM. A identificação dessas condições indica a necessidade de um pré-natal diferenciado para essas mulheres com objetivo de reduzir as chances de nascimento prematuro e as complicações decorrentes.


BIBLIOGRAFIA: BRASIL. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do adolescente. Diário Oficial da União, Brasília 1990. CNE-FEBRASGO. Reflexões sobre a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência 2021. 2021/1/29 2021. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/1210-reflexoes-sobre-a-semana-nacional-de-prevencao-da-gravidez-na-adolescencia-2021. Acesso em: 02/02. DARROCH, J. et al. Adding It Up: Costs and Benefits of Meeting the Contraceptive Needs of Adolescents | Guttmacher Institute. Guttmatcher Institute 2016. FERNANDES DE AZEVEDO, W. et al. Complicações da gravidez na adolescência: revisão sistemática da literatura Complications in adolescent pregnancy: systematic review of the literature. REVISÃO einstein, 13, n. 4, p. 618-644, 2015. FERREIRA VAZ, R. et al. Trends of teenage pregnancy in Brazil, 2000-2011. Revista da Associação Médica Brasileira, 62, n. 4, p. 330-335, 2016/7// 2016. JEHA, D. et al. A review of the risks and consequences of adolescent pregnancy. Journal of neonatal-perinatal medicine, 8, n. 1, p. 1-8, 2015/5// 2015. MARAVILLA, J. C. et al. Factors influencing repeated teenage pregnancy: a review and meta-analysis. American journal of obstetrics and gynecology, 217, n. 5, p. 527-545.e531, 2017/11// 2017. MONTEIRO, D. L. M. et al. Trends in teenage pregnancy in Brazil in the last 20 years (2000-2019). Revista da Associação Médica Brasileira, 67, n. 5, p. 759-765, 2021/9// 2021. PAPRI, F. S. K., Zubaida; Ara, Sarwat; Panna, Morsheda Begum. Adolescent Pregnancy: Risk Factors, Outcome and Prevention. Chattagram Maa-O-Shishu Hospital Medical College Journal, 15, n. 1, p. 53-56, 2016/7// 2016. TRIPATHI, M.; SHERCHAND, A. Outcome of Teenage Pregnancy. Journal of Universal College of Medical Sciences, 2, n. 2, p. 11-14, 09/27 2014. UNFPA. GIRLHOOD, NOT MOTHERHOOD: Preventing Adolescent Pregnancy. 2015 2015. VIELLAS, E. F. et al. Assistência ao parto de adolescentes e mulheres em idade materna avançada em maternidades vinculadas à Rede Cegonha. Ciência & Saúde Coletiva, 26, n. 3, p. 847-858, 2021/3// 2021. WHO. Adolescent pregnancy. https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/adolescent-pregnancy, 2020. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/adolescent-pregnancy. Acesso em: February, 22.



PALAVRA-CHAVE: gestação na adolescência, prematuridade, assistência obstétrica.



ÁREA: Saúde Coletiva

NÍVEL: Graduação



Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas
Correspondência:
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