XIII Semana de Pesquisa - 2022


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Um retrato da atenção em genética para indivíduos com Fendas Orais e Síndrome de Deleção 22q11.2 no Serviço de Genética Clínica-HC/Unicamp

Autores: Tamiris Nogueira Bezerra, Vera Lúcia Gil da Silva Lopes


Link: https://www.youtube.com/watch?v=YNyhMuPQa8s


RESUMO

INTRODUÇÃO: As anomalias craniofaciais ocorrem em cerca de 1: 2500 recém-nascidos, sendo as fendas orais típicas (FO - fenda de lábio, palato e labiopalatal) as mais comuns. Dessas, cerca 70% correspondem às formas isoladas (FO não sindrômicas - FONS); os 30% restantes podem ser parte de quadros de anomalias múltiplas, com diferentes etiologias (FO sindrômicas - FOS). Neste último grupo, a Síndrome de deleção 22q11.2 (SD22q11.2) é a microdeleção mais frequente na espécie humana e apresenta significativa heterogeneidade clínica, incluindo anomalias labiopalatais entres suas manifestações. A avaliação genético-clínica faz a distinção entre FOS e FONS, determinando a necessidade e técnica para investigação etiológica. No Brasil, o acesso à investigação genética é dificultado para fendas orofaciais de modo geral, visto que a presença de médico geneticista não é parte obrigatória da equipe multidisciplinar para tratamento reabilitador nos serviços públicos brasileiros, os quais atendem cerca de 80% da população. A Base Brasileira de Anomalias Craniofaciais (BBAC) é uma iniciativa multicêntrica e voluntária vinculada ao Projeto Crânio-Face Brasil, que registra e faz seguimento longitudinal de indivíduos com FO e SD22q11.2 desde 2006. A BBAC é sediada na Unicamp e conta com a participação de outros nove serviços. A investigação etiológica para este grupo populacional realizada por meio de técnicas disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS) inclui apenas o exame de cariótipo. A participação dos indivíduos na BBAC permite a realização de exames diagnósticos como parte de projetos de pesquisa (FISH, MLPA, Análise Cromossômica em Microarranjos - CMA e Exoma).

OBJETIVOS: Caracterizar o acesso à avaliação genética e diagnóstico de indivíduos com FO e suspeita de SD22q11.2 no Ambulatório de Dismorfologia Craniofacial do Hospital de Clínicas da Unicamp (Campinas, SP).

MÉTODOS: Este estudo faz parte da Base Brasileira de Anomalias Craniofaciais (BBAC) e tem sua aprovação no Comitê de Ética da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp 35316314.9.1001.5404 e 85020018.8.0000.5404. Trata-se de um estudo transversal e descritivo, sendo analisados dados dos pacientes atendidos no Serviço de Genética Clínica do HC-Unicamp e registrados na BBAC no período de 2006 a 2020. Foram incluídos todos os casos de FO e suspeita de SD22q11.2 com mais de uma consulta registrada.

RESULTADOS: A casuística contou com 166 indivíduos, (88 F: 78 M) com idade média na primeira consulta de 8,31 (mínima 0, máxima 52), sendo que 34 casos apresentavam FONS (idade média à primeira consulta de 7,5). Dos 132 casos restantes, 81 foram classificados como FOS (idade média na primeira consulta foi de 6,6 anos), e 51 eram suspeita de Síndrome de deleção 22q11.2 (idade média à primeira consulta de 11,6). Para a investigação etiológica foram utilizados, em média, 2,5 técnicas por indivíduo. Ao todo, houve conclusão diagnóstica de 89/166 casos. Diagnóstico clínico de FONS foi possível em 34/166 e de FOS, 2/166. O cariótipo permitiu diagnóstico em 7/70 indivíduos (idade média de 7,18 anos), FISH em 13/40 indivíduos (idade média de 9,57 anos), MLPA em 9/54 indivíduos (com idade média de 11,85 anos), CMA em 20/77 indivíduos (idade média de 10,89 anos) e Exoma 4/4 (idade média de 23,75 anos). Existem 18 exames de exoma em andamento; os demais casos ainda não foram contemplados para investigação em projetos de pesquisa.

CONCLUSÃO: A idade média geral na primeira consulta para avaliação genética evidencia a dificuldade de acesso a esta especialidade no SUS. Embora represente 70% dos casos de FO, a presença de apenas 34 casos de FONS mostra que estes não chegam para avaliação e orientação específica. Por outro lado, os casos de FOS, ao apresentar outros defeitos congênitos são encaminhados em maior número e mais precocemente. O número de casos concluídos apenas por meio de cariótipo demostra a heterogeneidade etiológica das FO e a importância de outras técnicas para conclusão diagnóstica e aconselhamento genético das famílias, que, no momento, dependem de projetos de pesquisa. Portanto, há deficiência na estruturação das políticas de saúde para reconhecimento da necessidade de avaliação genética pelos profissionais de saúde, política de acesso deste grupo populacional à avaliação genética e testes diagnósticos além do exame de cariótipo. A melhora nestes aspectos de atenção à saúde possibilitaria diagnóstico e aconselhamento genético precoces, assim como acesso a orientação e intervenções reabilitadoras, melhorando assim qualidade de vida destes e de seus familiares.


BIBLIOGRAFIA: GIL-DA-SILVA-LOPES, Vera Lúcia et al. Brazil Craniofacial Project: Different approaches on orofacial clefts and 22q11.2 deletion syndrome. Am J Med Genet C Semin Med Genet. V. 184, n.4, p. 912-927. Dec. 2020. Epub. GIL-DA-SILVA-LOPES, Vera Lúcia et al. Syndromic Oral Clefts: challenges of genetic assessment in brazil and suggestions to improve health policies. Public Health Genomics, [S.L.], v. 22, n. 1-2, p. 69-76, 2019. S. Karger AG. MONLLEÓ, Isabella Lopes. Anomalias craniofaciais, genética e saúde pública: contribuições para o reconhecimento da situação atual da assistência no Sistema Único de Saúde. 2004. f. Dissertação (Mestrado - Ciências Médicas) – Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 2004.



PALAVRA-CHAVE: Fendas orais, Síndrome de deleção 22q11.2, base de dados, atenção à saúde, genética, diagnóstico, testes genéticos.



ÁREA: Genética

NÍVEL: Mestrado

FINANCIAMENTO: CNPq



Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas
Correspondência:
Rua Tessália Vieira de Camargo, 126. Cidade Universitária Zeferino Vaz. CEP 13083-887 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" CEP: 13083-894. Campinas, SP, Brasil.

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