XIII Semana de Pesquisa - 2022


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Avaliação da resiliência e autocuidado em adolescentes com doenças crônicas durante a pandemia de Covid-19

Autores: Letícia Mansano de Souza, Sérgio Lourenço Polo Filho, Thaís Tawil, Paula Maria Bernardes Camargos, Ricardo Rodrigues Nunes, Lilia Freire Rodrigues de Souza Li


Link: https://youtu.be/EOam9RuJVJA


RESUMO

INTRODUÇÃO: Durante a pandemia de COVID-19, as consultas de rotina de pacientes adolescentes com doenças crônicas foram interrompidas, gerando preocupação nos profissionais de saúde acerca da mudança de comportamentos desses adolescentes, já que com a suspensão das consultas presenciais, muitos adolescentes vulneráveis poderiam não sentir o apoio ou respaldo médico para continuar o tratamento ou hábitos saudáveis.

OBJETIVOS: Este projeto avaliou a prevalência de comportamentos de risco em adolescentes e jovens com doenças crônicas durante a pandemia do Covid-19.

MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal, que avaliou a prevalência de vulnerabilidades em nosso público-alvo de 10 a 23 anos, pelo preenchimento de questionários. Os níveis de resiliência foram medidos pela Escala de Resiliência Connor-Davidson [1], a gestão do autocuidado pelo questionário TRACS [2], a auto-estima pelo questionário da Escala de Auto-estima Rosenberg [3], o risco e utilização de substâncias psicoativas pelo CRAFFT [4], e os sintomas depressivos pelo PHQ-9 [5]. Convidamos pacientes com doenças crônicas acompanhados no Ambulatório de Especialidades Pediátricas de um hospital universitário para participar do estudo. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa local. As variáveis contínuas foram apresentadas como média e desvio padrão (DP) ou mediana e intervalo interquartil (IQR); as comparações entre os grupos foram realizadas por meio de testes paramétricos quando as variáveis apresentavam distribuição normal (teste t de Student) e testes não paramétricos (teste de Mann Whitney) e teste de Pearson ou Spearman para correlação. A presença de associações entre as variáveis categóricas foi avaliada pelo teste x². Todos os testes foram bilaterais e valores de p < 0,05 foram considerados estatisticamente significantes. Um website e uma aplicação móvel foram desenvolvidos especialmente para o projeto, contendo informação sobre doenças, promoção da saúde e autocuidado, hábitos saudáveis, e estratégias de abordagem motivacional para melhorar a qualidade de vida dos pacientes adolescentes com doenças crônicas.

RESULTADOS: Participaram 72 indivíduos, 60% do sexo feminino, com uma idade média de 14,4 (±3,0) anos. A mediana do escore de sintomas depressivos (PHQ-9= 16, IQR=6) foi compatível com depressão moderadamente grave; 95% dos participantes relataram o uso de pelo menos uma substância psicoativa e 65% apresentaram pontuação CRAFFT de 2, consistente com alto risco para transtorno por uso de substâncias. A mediana do escore de autocuidado foi de 53 (IQR=10), da escala de resiliência foi de 59 (IQR=10) e o escore médio da escala de autoestima foi de 25 (±2,3). Os sintomas depressivos foram mais graves entre os participantes que usaram mais SPA (p=0,001) e pacientes com escores de autoestima mais baixos (Spearmans, rho=-0,352, p=0,002). Maiores pontuações de autocuidado (TRAQ) foram relacionadas a melhores pontuações de resiliência (Spearman, rho = 0,44, p < 0,001).

CONCLUSÃO: A pesquisa permitiu um mapeamento da saúde básica dos jovens com doença crônica durante o período de pandemia do COVID-19. Em comparação com outros estudos, os escores de resiliência foram inferiores aos encontrados para pacientes com doenças crônicas, sendo comparáveis aos escores descritos para pacientes com doenças psiquiátricas graves [6]. Por outro lado, quanto maior o autocuidado, maiores os escores de resiliência e autoestima. Os níveis de autocuidado foram maiores nos meninos, enquanto a resiliência foi maior nas meninas. Um estudo realizado antes da pandemia com a mesma população de adolescentes encontrou um escore médio de autocuidado de 58, comparado a 53 em nosso estudo, indicando um impacto negativo da pandemia no autocuidado [2]. Destaca-se que devido à pandemia de COVID-19, a vulnerabilidade dos adolescentes com doença crônica aumentou significativamente.


BIBLIOGRAFIA: [1] CONNOR KM, DAVIDSON JR. Development of a new resilience scale: the Connor-Davidson Resilience Scale (CD-RISC). Depress Anxiety. 2003;18(2):76–82. DOI: 10.1002/da.10113. [2] Silva, Luiza Mariana Cordeiro et al. Perspective of pediatricians and adolescent patients on the transition process in a university hospital. Revista Paulista de Pediatria [online]. 2022, v. 40 [Accessed 24 February 2022] , e2020490. Available from: . Epub 05 Jan 2022. ISSN 1984-0462. https://doi.org/10.1590/1984-0462/2022/40/2020490. [3] SBICIGO, Juliana et al. Escala de Autoestima de Rosenberg (EAR): validade fatorial e consistência interna. Psico-USF. 2010;15(3):395-403. [4] PEREIRA BA de AX et al. Avaliação da versão brasileira da escala CRAFFT/CESARE para uso de drogas por adolescentes. Cien Saúde Colet. 2016;21(1):91-99. DOI: 10.1590/1413-81232015211.05192015 [5] CHEUNG AH et al. Guidelines for Adolescent Depression in Primary Care II. Treatment and Ongoing Management. Pediatrics. 2007;120(5):e1313-e1326. DOI: 10.1542/peds.2006-1395. [6] PAIX O, Raquel; et al. Self-esteem and Symptoms of Mental Disorder in the Adolescence: Associated Variables. Clinical Psychology and Culture • Psic.: Teor. e Pesq. 34 • 2018 • DOI: https://doi.org/10.1590/0102.3772e34436



PALAVRA-CHAVE: Pandemia; adolescentes; doenças crônicas.



ÁREA: Clínica Médica

NÍVEL: Graduação

FINANCIAMENTO: FAPESP



Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas
Correspondência:
Rua Tessália Vieira de Camargo, 126. Cidade Universitária Zeferino Vaz. CEP 13083-887 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" CEP: 13083-894. Campinas, SP, Brasil.

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