Resumo
Introdução:O acesso a serviços de saúde materna adaptados às necessidades de assistência às adolescentes grávidas, é fundamental para aprimorar os cuidados e a adesão deste grupo vulnerável. Conhecer os aspectos simbólicos da relação profissional-paciente, a percepção das adolescentes sobre suas relações familiares, amorosas/sexualidade e como essa percepção interfere no acesso aos serviços de pré-natal é fundamental para aprimorar a assistência. Objetivo: Explorar e interpretar os significados emocionais atribuídos por adolescentes grávidas às orientações sobre relações familiares e amorosas/sexualidade e como essa percepção interfere no acesso de serviços de pré-natal da assistência pública de saúde. Método: Estudo clínico-qualitativo, com entrevistas semi-dirigidas de questões abertas em profundidade, transcritas na íntegra. A amostra foi fechada pelo critério de saturação de informações. As entrevistas foram analisadas através do Seven Steps. Resultados: Foram entrevistadas 10 adolescentes grávidas de 15 a 19 anos. Da análise emergiram seis categorias: 1) ‘Eles ficaram surpresos. Eles não sabiam se era verdade. Então, eu disse, eu estou grávida, eu vou cuidar. Quem não acreditava acreditou’: barreiras no acesso aos serviços de saúde; 2) ‘Todo mundo ficou feliz, todo mundo me ajudou’: a cumplicidade nos relacionamentos familiares; 3) Experiências de pertencimento psicológico: o fenômeno da recorrência da gravidez precoce na família; 4) ‘Minha mãe disse que eu não faria mais isso’: referência materna sobre sexualidade e relacionamentos; 5) ‘Não me sinto confortável para conversar’: (não) estabelecer vínculo com a equipe clínica e 6) ‘Agora é tudo para mim’: um novo lugar emocional diante da consulta. Conclusões: Alguns fatores psicológicos constituem barreiras para o acesso aos serviços de saúde. As conclusões do estudo compreendem a importância manejar assuntos relacionados aos relacionamentos familiares e amorosos durante as consultas de pré-natal e com adolescentes antes da gravidez. A pesquisa qualitativa amplia a estruturação do manejo dessa demanda para empoderar as adolescentes sobre as escolhas de vida e normalizar a comunicação entre adolescentes, família e equipe.
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