Resumo
Introdução: A Síndrome Geniturinária da Menopausa (SGM) é um conjunto de sintomas genitais, urinários e sexuais causados pelo hipoestrogenismo. A prevalência desta síndrome no mundo é elevada e influencia a qualidade de vida das mulheres, que pode ser seriamente comprometida se não for tratada adequadamente. Objetivo: Avaliar a prevalência e os fatores associados à SGM em mulheres brasileiras de meia-idade. Métodos: Estudo baseado em análise secundária de estudo transversal de base populacional anterior que entrevistou 749 mulheres com idade entre 45 e 60 anos. SGM foi definida como a presença de um ou mais sintomas dentre os sintomas genitais de ressecamento, queimação e irritação; sintomas urinários de urgência, disúria e infeções recorrentes do trato urinário e sintomas sexuais de falta de lubrificação e dor. A variável dependente foi a presença de SGM (sintomas globais, genitais, urinários e sexuais) avaliada por questionário estruturado pré-testado. As variáveis independentes foram os fatores sociodemográficos, hábitos e morbidades relacionadas à saúde, autopercepção de saúde e antecedentes ginecológicos. Para avaliar quais variáveis estavam independentemente associadas à SGM, foram criados modelos de regressão múltiplas de Poisson. Razões de prevalência (RP) e intervalos de confiança de 95 (IC95 ) foram calculados usando seleção retroativa das variáveis significativas. O nível de significância estatística foi fixado em 5 . Resultados: A média de idade das mulheres foi de 52,5±4,4 anos e a média de idade de início da menopausa foi de 46,4±6,2 anos. A SGM foi predominante em 51,4 . A prevalência da SGM foi de 51,4 e os sintomas mais comuns foram dispareunia (35 ), secura vaginal diária (25,1 ) e secura vaginal durante a relação sexual (24 ). A regressão de Poisson mostrou que a SGM global esteve associada a ter companheiro (razão de prevalência (RP)= 1,56; p=0,002), fazer uso de tratamento tópico com estrogênio (RP= 1,53; p=0,049), diagnóstico de depressão/ansiedade (RP= 1,47; p< 0,001) e doenças reumatológicas (RP= 1,47; p=0,013). Os sintomas genitais da SGM estão relacionados a estar na peri/pós-menopausa (RP= 2,19; P=0,008), fazer uso de tratamento tópico com estrogênio (RP= 2,15; p=0,002), à presença de multimorbidades (RP= 1,83; p<0,001) , ter atividade sexual (RP= 1,53; p= 0,013) e ausência de parto vaginal (RP= 1,45; p=0,017). Para os sintomas urinários da SGM estão associados os seguintes fatores: mulheres com autopercepção de saúde ruim (RP= 1,86; p<0,001), ter pelo menos um parto vaginal (RP= 1,74; p<0,001), ter depressão/ansiedade (RP= 1,48; p=0,014) e doenças reumatológicas (RP= 1,45; P= 0,019). E por fim, os sintomas sexuais da SGM foram associados a ter companheiro (RP= 2,06; p<0,001), fazer uso de tratamento tópico com estrogênio (RP= 2,03; p=0,002), ter depressão/ansiedade (RP= 1,50; P=0,002) e possuir doenças reumatológicas (RP= 1,39; p=0,013). A SGM impactou em algum grau a vida de 42,8 das mulheres e 43 conversaram sobre seus sintomas com o ginecologista. Conclusões: Metade das mulheres estudadas foram afetadas pela SGM e essa condição estava associada a diversos fatores como condições de vida e comorbidades.
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