Bióloga da FCM é escolhida presidente da DOHaD Brasil, que estuda a relação entre saúde fetal e doenças crônicas

Enviado por Edimilson Montalti em Qui, 12/12/2019 - 09:11

A bióloga, funcionária e pesquisadora do Laboratório de Metabolismo Hidro-Salino da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Patrícia Aline Boer, acaba de ser escolhida como presidente da Developmental Origins of Health and Disease (DOHaD) Brasil.  O conceito DOHaD é um novo ramo da ciência que estuda as origens fetais da doença no adulto e congrega 1.100 membros de diversas partes do mundo. A escolha de Patrícia e da diretoria da DOHaD Brasil aconteceu durante o 3rd International Symposium of DOHaD and Stress, ocorrido nos dias 7 e 8 de novembro na Universidade Federal de Goiânia (UFG).

“Diversos estudos demonstram que mecanismos epigenéticos, efeitos de sinais hormonais transmitidos ao feto através da placenta ou ao recém-nascido através da lactação podem estar envolvidos na gênese de alterações morfofuncionais que predispõe o indivíduo para o desenvolvimento doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, hipertensão arterial, insuficiência renal, doenças psiquiátricas e câncer”, explica Patrícia.

De acordo com Patrícia, após a indicação, os integrantes da DOHaD Brasil discutiram diversas possibilidades e optaram, em um primeiro momento, em associarem-se à Sociedade Brasileira de Fisiologia. “Isso porque a maior parte dos DOHaDistas pertence a esta sociedade e nossa intensão é somar e não dividir”, disse.

O principal objetivo de Patrícia frente à DOHaD Brasil será fazer com que esta sociedade consiga nuclear todos os DOHaDistas do Brasil. “Temos pesquisadores que trabalham há anos com DOHaD e não sabem. Muitos pesquisadores avaliam os efeitos de variações nutricionais, infecções, fármacos, agentes tóxicos, poluentes, metabolitos e hormônios. Estas avaliações podem ser em modelos experimentais ou humanos, e, quando ocorrem em fases de preconcepção, gestação, amamentação infância e adolescência são abrangidas pelo conceito DOHaD”, revelou. Veja aqui pesquisadores DOHaD divididos por Estados e instituições onde atuam no Brasil.

As ações da DOHaD Brasil serão baseadas nos objetivos da sociedade internacional: promover estratégias de pesquisa nos diferentes Estados para exploração científica do desenvolvimento inicial com relação às doenças crônicas no adulto; promover o desenvolvimento e aplicação de estratégias de saúde pública para prevenção de doenças crônicas; buscar fontes financiadoras para pesquisas em DOHaD; divulgar oportunidades de estudo e trabalho; promover encontros regulares para discutir resultados de pesquisa e potenciais intervenções; promover o intercâmbio de ideias, equipes e conhecimento entre os laboratórios do Brasil e divulgar informações relevantes sobre as implicações do DOHaD.

“O 4th International Symposium of DOHaD and Stress ocorrerá em maio de 2020, no Rio Grande do Sul e o 4th Latin American DOHaD Chapter em novembro de 2020, no Rio de Janeiro. Já providenciei o logotipo da DOHaD Brasil, que foi aprovado pelos demais membros, e estou elaborando a página eletrônica para divulgar nossa sociedade”, disse.

DOHaD society

A International Society for the Developmental Origins of Health and Disease (DOHaD) é uma sociedade internacional sediada no Hospital Princess Anne, Southampton, Reino Unido e congrega membros representantes de todos os ramos das ciências básicas e clínicas bem como cientistas em saúde pública de diversos países.  Ela foi criada para promover estudos sobre fatores adversos que podem modular tanto eventos preconcepção quanto o desenvolvimento embrionário, fetal e pós-natal, aumentando a suscetibilidade para diversas doenças na idade adulta.

A hipótese DOHaD originou-se do conceito de “Origens fetais da doença no adulto”, que foi estabelecida pelo epidemiologista David James Purslove Barker, professor na Universidade de Southampton. Em estudos na década de 1980 em regiões do Reino Unido, Barker observou que ambientes gestacionais desfavoráveis se correlacionavam a casos de morte por doenças cardíacas 60 anos depois. Após 35 anos, a “hipótese de Barker” estimulou diversos estudos e congressos.