Dia da Avaliação: Ética na Avaliação da Aprendizagem

Enviado por Camila Delmondes em Ter, 16/10/2018 - 11:44

Para Flávio César de Sá, chefe do Departamento de Saúde Coletiva da FCM e responsável pela Área de Ética e Saúde, o fato de poder contar uma discussão sobre “Ética”, no Dia da Avaliação do curso de Medicina da FCM, proposta pela Comissão de Ensino de Graduação e pelo Napem, indica uma movimentação positiva da faculdade no sentido de colocar em prática o que em muitos outros lugares permanece apenas no campo do discurso.

“Embora muitas faculdades tenham em seus objetivos ‘formar médicos éticos e humanistas, preparados para lidar com as dificuldades da vida’, poucas são as instituições que oferecem disciplinas sobre ética e profissionalismo em seu currículo, de forma obrigatória”, afirmou.

Para falar sobre Ética na Avaliação da Aprendizagem, Flávio abordou a “Ética” em seu conceito mais amplo, lembrando que ética é um conjunto de escolhas, individuais ou coletivas, feitas a partir de valores considerados importantes e corretos, e que definem a base dos relacionamentos.

“Ao contrário do que muitos pensam ter um comportamento ético não significa ter bom senso. Aliás, o que menos as pessoas têm é bom senso, na verdade, o que as pessoas mais têm é senso comum, e senso comum é geralmente conservador e reacionário. Para ter um comportamento ético bom é preciso amadurecer, estudar, ter experiência e, principalmente, refletir sobre as nossas experiências”, disse.

Segundo explicou Flávio, agir de forma ética no que se refere à avaliação da aprendizagem pressupõe o agir com sabedoria e justiça. “É preciso reconhecer que a avaliação tem um papel formador na vida do aluno e que existem enormes diferenças de poder entre a instituição e o aluno, mas que essas diferenças podem ser trabalhadas de forma útil e positiva. Também é preciso ter em mente o profissional que a gente quer formar e avaliar nossos alunos de acordo com a nossa definição. Não adianta falar que eu quero formar um profissional de uma forma e avaliar o aluno de outra. Não é justo nem com a instituição e nem com os alunos”, pontuou.

Outro aspecto abordado por Flávio sobre a ética na avaliação da aprendizagem foi a solidariedade. “A instituição e os alunos são parceiros na formação. Eu não posso ver uma coisa que não está dando certo e fazer de conta que aquilo não é comigo. Tanto a instituição deve preocupar-se, por exemplo, com avaliações que estejam provocando sofrimento nos alunos, quanto os alunos devem se importar com a melhora da instituição onde eles estudam”, disse.