Um pouco da nossa história. Obras de Aldo Cardarelli celebram 58 anos da FCM

Enviado por Camila Delmondes em Seg, 10/05/2021 - 16:37

Em maio de 2021, a Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp comemora 58 anos de atividade. Para comemorar a data, de forma simbólica, uma exposição localizada no hall de entrada da FCM – em exibição até 31 de maio – apresenta três obras do célebre pintor e retratista campineiro Aldo Cardarelli (1915-1986), artista de projeção internacional consagrado membro da Academia Brasileira de Belas Artes.

As telas a óleo trazem, eternizadas, as trajetórias de três importantes personalidades da história da FCM: o oftalmologista Antonio Augusto de Almeida, primeiro diretor da FCM; o neurologista Oswaldo de Freitas Julião, fundador do Departamento de Neurologia; e o otorrinolaringologista Gabriel de Oliveira da Silva Porto, fundador do Departamento de Otorrinolaringologia e Oftalmologia e do Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação.

“Muitos não se dão conta, mas temos verdadeiras obras de arte na FCM, que nos transportam aos anos iniciais de funcionamento da faculdade”, conta a jornalista da Assessoria de Relações Públicas e Imprensa, Camila Delmondes, responsável pela curadoria da exposição inspirada no artigo escrito a quatro mãos pelo docente do Departamento de Saúde Coletiva (DSC), Rubens Bedrikow e o historiador do Centro de Memória da FCM, Ivan Amaral. Ambos os  pesquisadores são membros do Grupo de Estudos História das Ciências da Saúde, presidido pelo professor do DSC da FCM, Everardo Duarte Nunes. Leia o artigo, aqui.

Dispostos na Galeria de Fotos dos Diretores da FCM, os retratos de Antonio Augusto Almeida, Gabriel Porto e Oswaldo Julião foram encomendados em 1975, pelo então diretor da FCM, José Lopes de Faria, e obtiveram autorização do reitor Zeferino Vaz para serem produzidos. As obras chamaram a atenção de Rubens e Ivan por constarem na Galeria dos Diretores, quando apenas Almeida ocupou de fato tal cargo na instituição.

“Fomos atrás dessa história e descobrimos que os três professores foram retratados por Aldo Cardarelli pelas suas relevâncias acadêmicas. À época, o ofício encaminhado pelo diretor Lopes de Faria ao reitor Zeferino Vaz mencionava os três docentes da FCM como professores eméritos, mas apenas o professor Gabriel Porto constava na relação do Conselho Universitário com este título”, conta o Bedrikow sobre outra pergunta histórica que ainda precisa ser respondida.

A importância e o legado dos três professores retratados por Aldo Cardarelli é inquestionável, não apenas para a história da FCM como também da Medicina brasileira.

“Fiquei extremamente feliz com essa exposição. Além de resgatar a trajetória de 58 anos da FCM, ela também resgata a história do Departamento de Neurologia, que esse ano celebra 55 anos de existência. Ficamos instigados com o fato do professor Julião ter sido mencionado à época como detentor do título de professor Emérito. Vamos atrás da oficialização desse reconhecimento”, disse Li Li Min, atual chefe do Departamento de Neurologia da FCM,  durante visita à exposição. Confira, abaixo, a visita do professor Li à exposição:

Um pouco da nossa história

Em 1963, a Faculdade de Medicina de Campinas foi autorizada a funcionar provisoriamente nas dependências da Maternidade de Campinas, ainda em construção. Em abril do mesmo ano, foi realizado o primeiro vestibular, para o qual se inscreveram 1.592 candidatos para as 50 vagas existentes. A aula inaugural – realizada em 20 de maio daquele ano, no Teatro Municipal Carlos Gomes – foi proferida pelo então reitor da Universidade São Paulo, Ulhôa Cintra, com a participação do primeiro reitor da Unicamp, Cantídio de Moura Campos, fechando com chave de ouro um ciclo de quase duas décadas de luta pela instalação de uma faculdade de Medicina na cidade.

Em 1965, a Faculdade de Medicina firmou acordo com a Santa Casa de Misericórdia de Campinas e para lá se transferiu, onde permaneceu até 1985. Em pavilhões, no interior deste hospital beneficente, foram criados departamentos, enfermarias, ambulatórios e serviços. Todo e qualquer espaço disponível foi sendo adaptado e utilizado; desde os vãos embaixo das escadas aos mezaninos.

Com o tempo, prédios na região da Santa Casa tiveram que ser alugados e agregados, e, atividades em locais mais afastados também foram incorporadas, como os Postos de Saúde da cidade, o Centro de Saúde Escola de Paulínia e o Sanatório Cândido Ferreira, em Sousas.

Hoje, a FCM possui dois cursos de graduação – Medicina e Fonoaudiologia –, mais de 300 professores, 400 funcionários, 700 alunos na graduação, cerca de 1,2 mil alunos na pós-graduação e mais de 600 médicos-residentes que atuam no complexo da área da Saúde da Unicamp composto pelo Hospital de Clínicas, Hemocentro, Gastrocentro, Caism, Hospital Estadual de Sumaré, AMEs e centenas de laboratórios de pesquisa, convênios e cursos de extensão.