Introdução: Queimaduras são processos destrutivos dos tecidos causados por agressões químicas, elétricas, por radiação ultravioleta ou térmicas. Esses traumas são prevalentes em atendimentos em pronto socorros e podem ser diagnosticadas conforme sua profundidade para o tratamento adequado. Nesse contexto, as queimaduras de espessura parcial, devido à preservação das camadas profundas da derme, normalmente cicatrizarão, sem necessidade de cirurgias para desbridamentos e enxertias, em até 21 dias. Assim, as coberturas assumirão papel central no tratamento dessas lesões. Feridas com pouco tecido necrótico, em que as bactérias não encontram substrato ideal para sua proliferação, sendo a insulina tópica um desses agentes estudados nos últimos anos. De acordo com a literatura o uso de insulina tópica leva ao aumento da proliferação, migração de queratinócitos e fibroblastos. Ocorre menor expressão de citocinas pró-inflamatórias que estão relacionados a uma resposta inflamatória excessiva. Outra via em potencial é o aumento da síntese e liberação de óxido nítrico que apresenta correlação na neovasculogênese. As propriedades semelhantes ao fator de crescimento, seu baixo custo e grande disponibilidade da insulina as tornam como excelente fármaco para uso tópico em queimaduras de espessura parcial. O menor tempo para uma lesão de queimadura cicatrizar pode representar diminuição nos custos do tratamento e uma cicatriz de melhor qualidade. Objetivo: Este Ensaio Clínico tem o objetivo de testar o efeito do uso da insulina tópica como parte do tratamento de queimaduras de 2º grau no progresso da cicatrização induzido pela insulina na redução da superfície da área da ferida ao longo dos dias. Materiais e Métodos: Trata-se de um Estudo Clínico onde os participantes foram recrutados na Unidade de Tratamento de Queimaduras da Santa Casa de Limeira - no município de Limeira, São Paulo, Brasil e foram submetidos a uma intervenção com troca de curativo diário, com limpeza com Soro Fisiológico 0,9 e após aplicação de uma camada do creme manipulado com insulina regular na proporção de 0,5 UI para cada 100 gramas de creme base ou tratamento padrão com sulfadiazina de prata 1 , e retornos para avaliação e fotografia. A análise fotográfica foi realizada através do software ImageJ, determinando sua área ao longo dos dias. Resultados: As feridas de segundo grau que receberam a insulina tópica cicatrizaram significativamente mais rápido (9,1 ± 1,9 dias) em comparação com as feridas que receberam o tratamento padrão (12,7 ± 3,3 dias) com p>0,05. Nenhum dos participantes relatou sintomas de hipoglicemia durante os dias de troca curativo, bem como não foi relatado nenhum outro evento adverso. Nenhum dos participantes apresentou evolução para características associadas a infecção de ferida durante o processo de epitelização. Os resultados foram publicados no periódico WOUND MANAGEMENT & PREVENTION. Conclusão: A utilização de creme de insulina foi eficaz como meio para realização de curativos em queimaduras de segundo grau, reduzindo o tempo de epitelização das feridas sem apresentar efeitos adversos como por exemplo, sinais de hipoglicemia ou ainda maior desenvolvimento de infecção nas feridas. Faz-se necessário mais estudos como ensaios clínicos randomizados para confirmar os bons resultados clínicos e a baixa ocorrência de efeitos adversos no uso de terapia com insulina tópica em queimaduras de segundo grau.
