Introdução: É estabelecida a relação entre a ocorrência do Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) e dificuldades no processo de aprendizagem nas crianças em idade escolar. Não há um consenso quanto a um instrumento universal validado de triagem das habilidades auditivas que possibilite a identificação precoce de crianças que necessitam de uma avaliação diagnóstica e, consequentemente, minimize os impactos da ocorrência do TPAC nessa faixa etária. Recentemente, o programa AudBility foi desenvolvido, teve dados iniciais de validação publicados e tem se destacado como um instrumento eficaz para a identificação precoce de crianças com risco para o TPAC. A partir dos estudos iniciais, há uma proposta de bateria mínima das tarefas do programa, que ainda não foi estudada. Objetivo: Propor e estudar a acurácia de um protocolo de bateria mínima do programa AudBility para a faixa etária de seis a oito anos, bem como analisar a influência de determinantes biológicos e desempenho escolar. Método: Estudo descritivo analítico, prospectivo e transversal, de acurácia diagnóstica, aprovado pelo comitê de ética da instituição (CEP #6.216.032). Foram selecionadas crianças de seis a oito anos de uma escola da Rede Estadual, falantes nativas do português, sem alterações auditivas periféricas e com desempenho adequado em um rastreio cognitivo. A primeira etapa foi realizada na escola e 127 crianças passaram pela triagem, constituída pelo Teste de rastreio cognitivo de Matrizes Progressivas Coloridas de Raven, Teste de Desempenho escolar (TDE-II), avaliação audiológica básica (inspeção visual do meato acústico externo, audiometria e imitanciométrica) e aplicação do programa de triagem das habilidades auditivas AudBility, composto pelo Questionário de autopercepção das habilidades auditivas (QAPAC) e tarefas auditivas de Localização Sonora (LS), Integração Binaural (IB), Ordenação Temporal de Frequência (OT-F), Resolução Temporal (RT), Fechamento Auditivo (FA) e Figura-fundo (FF). Das crianças 127 triadas, 75 compareceram para a segunda etapa no laboratório de audiologia da Instituição. Nessa etapa diagnóstica, foi realizada avaliação comportamental do processamento auditivo central. Para a análise de dados, foram consideradas duas faixas etárias analisadas separadamente, com base no estudo prévio de validação da bateria: seis-sete anos e oito anos. O diagnóstico de TPAC considerou um teste alterado e a amostra foi estudada em grupo sem TPAC (grupo 1) e grupo TPAC (grupo 2), baseado no desempenho obtido na avaliação diagnóstica. O teste de T Student comparou os grupos normal e TPAC e o Teste de Fisher verificou a influência do sexo no desempenho do AudBility. A partir do Modelo Linear Generalizado (GzLM) investigou-se o poder de cada tarefa do AudBility e do QAPAC em discriminar adequadamente os grupos, e o cálculo da Razão de Prevalência (RP) mensurou o efeito do resultado “Falhou” para cada tarefa de triagem sobre a chance de diagnóstico final de TPAC. A partir daí, foram selecionados os testes mais adequados por faixa etária e estudadas diferentes combinações de bateria mínima quanto ao número de tarefas, QAPAC e dados de acurácia. Resultados: Não houve diferença estatística entre os grupos em relação às variáveis idade e sexo. Porém, houve efeito de tamanho relevante que mostrou ocorrência ligeiramente maior de meninas no grupo TPAC. Para o grupo de 6 e 7 anos, a melhor combinação de bateria mínima foi composta pelas tarefas de FA, IB e OT-F, com o critério de um teste alterado, com eficiência de 66,6 . Para o grupo de 8 anos, a melhor combinação envolveu os testes de IB, FF e OT-F, com o critério de dois testes alterados, com eficiência de 77,1 .