A pandemia da COVID-19 elevou o uso da tomografia computadorizada (TC) de tórax, revelando achados incidentais pulmonares e sistêmicos com potencial impacto na saúde do paciente. O aumento exponencial de tomografias de tórax visando a detecção e o
acompanhamento da COVID-19 sobretudo na fase inicial da pandemia propiciou um benefício indireto e inesperado: a identificação de inúmeros achados incidentais de relevância clínica. Ao se aprofundar na investigação de lesões pulmonares relacionadas à COVID-19, como as GGOs29, diversos outros processos patológicos foram descobertos de forma fortuita36,62.
Este estudo avalia o impacto da detecção precoce, prevalência e características desses achados incidentais, por meio de análise retrospectiva de dados de TC de tórax em pacientes com COVID-19.
Trata-se de um estudo analítico, do tipo transversal e unicêntrico realizado no Hospital Municipal de Paulínia/SP, com captação de 1222 exames de imagens tomográficas de tórax de indivíduos no período de um ano na fase inicial da pandemia, para a identificação de achados incidentais de
lesões torácicas correlatas.
Os achados foram classificados e comparados em dois grupos: COVID-19 e Não COVID-19, analisados por relevância clínica, prevalência, impacto clínico e
prognóstico.
No total, 1375 laudos de CT de tórax foram analisados (89 das imagens foram elegíveis para o estudo). Predominância masculina da amostra, grupo COVID-19 eram em média mais idosos (60,0 anos) do que pacientes grupo Não COVID-19 (55,0 anos). Dos 939 laudos do grupo COVID-19 25,2 foram classificados com ‘Ação imediata’; 3,7 , como ‘Potencial neoplasia intratorácica’; 50,7 , ‘Não neoplásicos, mas com relevância clínica’; 95,42 , ‘Sem relevância
clínica’ e 283 casos no grupo Não COVID-19, sendo 37,10 , ‘Ação imediata’; 9,54 , como ‘Potencial neoplasia intratorácica’; 37,10 , ‘Não neoplásicos, mas com relevância clínica’; 60,42 , ‘Sem relevância clínica’. As hipóteses diagnósticas mais frequentemente relatadas foram no grupo ‘COVID-19’ 35 , estratificação de acometimento por COVID-19; 20 , PMNv; 16 ,
Síndrome gripal; no grupo Não COVID-19; 20 , causas externas; 9 , Tromboembolismo pulmonar (TEP) e 8,5 , Dor torácica a/e. As impressões diagnósticas predominantes em ambos os grupos foram calcificação ateromatosa n 46 , grupo COVID-19; 34 no grupo Não COVID-
19; espondiloartrose/espondilose n 44 , grupo COVID-19; 38,5 , grupo Não COVID-19 e cardiomegalia n de 25 , grupo COVID-19 e 14 , grupo Não COVID-19.
A pandemia de COVID-19 possibilitou o diagnóstico precoce e a prevenção de complicações, reforçando a importância da TC de tórax para o diagnóstico e manejo de diversas doenças torácicas19,20. A identificação precoce dessas alterações pode contribuir para o tratamento eficaz, otimizando os resultados clínicos e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.