Diante dos desafios contemporâneos do educar, o acompanhamento terapêutico, alicerçado sob os pilares da reforma psiquiátrica, tem sido uma importante ferramenta na sustentação subjetiva de sujeitos e na possibilidade do laço social. Apesar do caráter terapêutico, a sua atuação não pode ser dissociada de sua função política, historicamente construída. Atualmente, incessantes tentativas buscam, no terreno educativo, instrumentalizar o seu uso com fins mercadológicos. Defende-se a ideia de que, na escola, a figura do acompanhante terapêutico ganha um lugar privilegiado, pois pode circular na instituição sem dela fazer parte formalmente, podendo ser um operador analítico que produz implicações e movimentações discursivas. Pretende-se, neste trabalho, discutir os limites e as possibilidades do trabalho de acompanhamento terapêutico (AT) na escola, a partir da interface entre educação e psicanálise Trata-se de um estudo retrospectivo, com desenho metodológico etnográfico, de abordagem narrativa, em que a coleta de dados, em diário de campo, foi realizada a partir de uma experiência como acompanhante terapêutico de três crianças, de 5 anos, com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista, em escolas da rede pública de educação infantil e ensino fundamental, situadas na região metropolitana do Grande ABC – SP, no período de 2020 a 2023. Os dados apresentados serão discutidos a partir do arcabouço teórico psicanalítico e de outros autores do campo da educação, privilegiando a articulação entre a função do acompanhante terapêutico e as implicações dessa figura no terreno educativo, em tempos de neoliberais.