A tuberculose (TB) permanece um importante problema de saúde pública, particularmente em populações vulneráveis como pacientes com doença renal crônica (DRC). Este estudo transversal e retrospectivo analisou 1.449 casos de TB ativa em um hospital terciário brasileiro entre 2010-2022, identificando 60 pacientes (4,27 ) com DRC. A pesquisa avaliou características clínicas, métodos diagnósticos e desfechos terapêuticos nesta população. Os resultados mostraram predominância da forma pulmonar (45 ) e alta frequência de manifestações extrapulmonares (46,6 ), com diagnóstico microbiológico confirmado em 66,7 dos casos. Apenas 8,3 dos pacientes foram rastreados para infecção latente, todos com prova tuberculínica, sem utilização de ensaios de liberação de interferon-gama. Eventos adversos aos tuberculostáticos ocorreram em 36,6 dos casos, sendo hepatite tóxica e distúrbios gastrointestinais os mais frequentes. A taxa de cura foi de 61,7 , com mortalidade significativa por TB (10 ) e outras causas (25 ). Fatores como baciloscopia positiva e esquemas terapêuticos não padronizados associaram-se a maior risco de óbito. O estudo demonstra lacunas importantes no manejo da TB em pacientes renais crônicos, destacando a necessidade de estratégias integradas entre nefrologia e infectologia, incluindo rastreamento sistemático com métodos mais sensíveis, diagnóstico precoce com testes moleculares e monitoramento rigoroso da terapia. Estes achados têm implicações relevantes para a saúde pública, especialmente em países endêmicos para TB com crescente prevalência de DRC.